"Zelensky pediu à Hungria duas coisas. O primeiro-ministro Órban rejeitou os pedidos"
Hungria reafirma que não deixará passar armamento letal pelo seu território
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A Hungria reafirmou hoje que não permitirá a passagem pelo seu território de armas para a Ucrânia por não pretender envolver-se na guerra, após o líder ucraniano ter questionado esta semana por que motivo Budapeste impede esse transporte.
"O Presidente da Ucrânia [Volodymyr Zelensky] pediu à Hungria e ao primeiro-ministro [Viktor] Orbán que façam duas coisas. Primeiro, reforçar as sanções ao setor energético e permitir o envio de armas à Ucrânia. O primeiro-ministro rejeitou ambos os pedidos", informou hoje o porta-voz do Governo húngaro, Zoltán Kovács.
O porta-voz governamental reiterou que a Hungria não pretende envolver-se na guerra, e por esse motivo não permitirá que seja transportado armamento letal pelo país em direção à Ucrânia, e sublinhou que "fechar as torneiras do petróleo e do gás significaria que as famílias húngaras pagariam o preço da guerra".
"Tens de decidir por ti próprio com quem estás", disse na quinta-feira a Orbán o Presidente ucraniano, que participou por videoconferência na cimeira dos líderes da União Europeia (UE), numa óbvia alusão às boas relações entre o líder húngaro e o Presidente russo, Vladimir Putin.
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Zelensky comparou a atual situação da cidade de Mariupol (sul), cercada e sujeita a intensos bombardeamentos, às mortes de judeus na Hungria durante a Segunda Guerra Mundial.
"Estive em Budapeste (...) e vi o memorial "Sapatos nas margens do Danúbio (...) verás como os assassínios em massa podem voltar a ocorrer no mundo de hoje. Os mesmos sapatos. Em Mariupol existe a mesma gente", afirmou o Presidente ucraniano, ele próprio de origem judaica, que continuou a invetivar Orbán.
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, também reagiu às palavras de Zelenski, assegurando que entende que para o Presidente ucraniano o mais importante é a segurança da população do país, mas acrescentou que para o Governo húngaro "o mais importante é a segurança dos húngaros".
Na Hungria, 85% das habitações utilizam o gás russo como aquecimento e 64% das importações de petróleo são provenientes da Rússia, recordou o Governo húngaro, um dos países da UE que se opõe ao corte do fornecimento de gás russo no âmbito das sanções contra a Rússia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, incluindo 120 menores, segundo os mais recentes dados da ONU.
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