Jake Hockley, especialista em cibersegurança, foi ouvido esta quarta-feira na 36.ª sessão do julgamento de Rui Pinto.
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O intruso que, em 2015, acedeu ao sistema informático da Doyen, conseguiu a certa altura congeminar um esquema que lhe permitia aceder a todos os documentos que eram fotocopiados ou enviados pela impressora do escritório londrino. Falamos, por exemplo, de contratos celebrados com jogadores. Sempre que um funcionário da empresa usava a impressora e fotocopiadora, esta enviava automaticamente uma cópia do documento para um mail criado pelo "hacker".
"Um endereço de mail estava ligado à impressora, em Londres, no escritório dos administradores. Todos os documentos da impressora eram enviados para lá. O mail em causa tinha cerca de 1600 ficheiros, contratos e outros documentos", afirmou Jake Hockley, especialista em cibersegurança da empresa Marclay, que em 2015 foi contratada pela Doyen na sequência da intrusão sofrida no sistema informático que lhe provocou a rutura e o desvio de enormes quantidades de informação.
O intruso em causa (que a acusação acredita ser Rui Pinto) descobriu a certa altura a password do administrador dos serviços informáticos. "Foi com o perfil do administrador geral, o único que utiliza e acede ao sistema. Há um período em que acede a numerosos documentos e ficheiros. A partir desse perfil entrava também em outros computadores da Doyen. E através de um outro endereço de mail (sediado na Rússia) eram encaminhados os mails da Doyen", explicou ainda Hockley, durante a 36.ª sessão do julgamento do processo Football Leaks, no qual Rui Pinto é arguido.
Segundo o especialista, os ataques informáticos à Doyen tiveram todos a mesma origem. "Foi só um ataque. Pela minha experiência ao longo dos anos, foi só uma pessoa", acrescentou, deixando a entender que seria uma coincidência incrível se houvesse mais gente envolvida neste ataque em particular.