Proposta de Trump foi apoiada por Benjamin Netanyahu, que, no entanto, esclareceu horas depois que não apoiará a criação de um Estado palestiniano e que as tropas israelitas permanecerão mobilizadas "na maior parte" de Gaza
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O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou esta terça-feira que vai dar ao Hamas "três ou quatro dias" para responder à sua proposta de acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que apresentou na segunda-feira com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
"Vamos dar-lhes três ou quatro dias", afirmou Trump aos meios de comunicação social.
"Os países muçulmanos estão a bordo, Israel está a bordo. Estamos à espera do Hamas, e o Hamas pode fazê-lo ou não, mas se não o fizer, será um final muito triste", disse o governante norte-americano.
O Hamas ainda não reagiu oficialmente ao plano proposto por Trump, que conta com o apoio de grande parte da comunidade internacional, mas uma fonte ligada ao processo disse na segunda-feira que o grupo extremista palestiniano já tinha o documento e estava analisar a proposta.
O primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe dos serviços de informação egípcios, Hassan Mahmoud Rashad, "acabaram de se reunir com os negociadores do Hamas e apresentaram-lhes o plano", frisou a mesma fonte, que falou na segunda-feira à agência noticiosa francesa AFP sob condição de anonimato.
"Os negociadores do Hamas disseram que o iriam examinar de boa-fé e responder", acrescentou na mesma ocasião.
Já hoje, o Governo do Catar, um dos mediadores de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, garantiu que o grupo palestiniano tinha comunicado que "estudaria de forma responsável" a proposta, embora tenha esclarecido que "é muito cedo" para dar uma resposta.
Doha indicou ainda que estão previstas reuniões hoje para analisar o plano com o Egito e a Turquia.
A proposta de Trump prevê um cessar-fogo imediato em Gaza, a retirada gradual do Exército israelita, a libertação total dos reféns em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos e o fornecimento de ajuda humanitária através das Nações Unidas.
O plano inclui também o desarmamento completo do Hamas, que seria excluído do governo da Faixa de Gaza, e o estabelecimento de um governo de transição composto por tecnocratas palestinianos e especialistas internacionais supervisionados por um "Conselho da Paz".
O acordo abre também a porta à "possibilidade de autodeterminação e à criação de um Estado palestiniano", assim que a reconstrução da Faixa de Gaza progredir e as reformas na Autoridade Palestiniana forem implementadas.
A proposta de Trump foi apoiada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que, no entanto, esclareceu horas depois que não apoiará a criação de um Estado palestiniano e que as tropas israelitas permanecerão mobilizadas "na maior parte" de Gaza.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.