Advogado confirma que Rui Pinto tem colaborado com as autoridades portuguesas no âmbito da operação "Fora de Jogo",
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"Se as revelações do Football Leaks criaram um terramoto, também criaram uma espécie de hostilidade para com Rui Pinto, porque ele estava a tentar destruir o "muro" económico do futebol", disse William Bourdon, citado pelo jornal britânico, The Guardian.
"Pouco a pouco, algumas pessoas viram que todas estas informações provenientes do Football poderiam ser úteis para desvendar um mundo infectado pela criminalidade", acrescentou o advogado de Rui Pinto, por estes dias detido em prisão domiciliária num apartamento da PJ.
"O Luanda Leaks foi de um nível completamente diferente. Os cidadãos e políticos portugueses mais responsáveis estão agora gratos a Rui Pinto por ajudar a acelerar a investigação. Eles sabem o que ela adquiriu em Portugal e que é uma das pessoas mais ricas do mundo. Por isso houve uma mudança de perceção em relação a Rui Pinto. De repente, houve uma nova abordagem em relação a ele", afirmou Bourdon na mesma entrevista.
Bourdon confirmou ainda que Rui Pinto tem colaborado com as autoridades portuguesas no âmbito da operação "Fora de Jogo", uma investigação de alegada evasão fiscal e branqueamento de capitais que este ano levou polícia, Ministério Público e Finanças a realizar 76 buscas, incluindo nas SAD de Benfica, FC Porto, Sporting, Braga, V. Guimarães, Marítimo, Estoril e Portimonense, alem de visarem ainda o agente Jorge Mendes.
"Está em prisão domiciliária, mas esperamos nas próximas semanas mudar a sua posição", disse Bourdon ao Guardian sobre a atual situação de Rui Pinto. "Esperamos que ele possa estar livre o mais depressa possível, sem quaisquer restrições".
"Tivemos uma conversa com o chefe das investigações, com a aprovação do procurador. O vento mudou em Portugal. Não posso deixar de confirmar o que já disse: passo a passo estamos a começar a estabelecer uma relação cordial a fim de existir uma cooperação". Mas este é um jogo complexo, por isso vamos esperar para ver. Espero que todas as partes interessadas queiram agir de boa fé, de forma pragmática e no interesse comum", concluiu o advogado de 63 anos.