Nélio Lucas e o Football Leaks: "Foi um autêntico linchamento público. A destruição da minha boa reputação"
Nélio Lucas, antigo administrador da Doyen, diz-se vítima de "linchamento público", deixando ainda críticas a Rui Pinto, criador do Football Leaks
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O impacto mediático causado pelas revelações da plataforma Football Leaks, criada por Rui Pinto, sobre a Doyen Sports Investments foi hoje comparado pelo antigo administrador do fundo de investimento, Nélio Lucas, a um "autêntico linchamento público".
No depoimento iniciado nesta 20.ª sessão do julgamento do processo Football Leaks, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o empresário, de 41 anos, atacou Rui Pinto pelo sucedido, estendendo as críticas à comunicação social.
"Foi um autêntico linchamento público e que continua a acontecer. Isto foi a destruição completa do que era a minha boa reputação e a dos investidores. A paciência tem limites", afirmou.
Sublinhando estar há "cinco anos a levar pancada sem parar da imprensa", com base no que considerou "analogias de uma pessoa que tecia os seus próprios comentários", Nélio Lucas defendeu ainda que o principal arguido do processo "fez o que quis, tentou extorquir dinheiro e apoderou-se dos dados bancários das pessoas" e alegou que o impacto "é impossível de quantificar" a nível pessoal e profissional.
"Nada tinha a ver com a preocupação em limpar o futebol. Falava em "offshores" e depois estava a tentar criar uma sociedade "offshore" para receber o dinheiro", reiterou, adicionando: "Há limites para tudo e isto não pode passar impune. Só posso responder que valeu a pena quando isto terminar e este indivíduo for condenado".
A reta final da audição ficou marcada por novo momento de tensão entre o antigo administrador da Doyen e o coletivo de juízes, depois de Nélio Lucas se ter irritado com a história da compra de um iate, exposta num comunicado do Football Leaks, que leu em voz alta e que lhe suscitou uma comparação inusitada: "Eu sou como aquela senhora que foi violada e depois tem de explicar porque é que foi violada".
A juíza assistente Ana Paula Conceição pediu à testemunha para ter calma, mas Nélio Lucas não recuou e insistiu: "Porque sou vítima de um crime, tenho de explicar quem eu sou?", ao que a presidente do coletivo, Margarida Alves, acabou por intervir de forma mais assertiva, vincando que ela é que estava a comandar a audiência. De seguida, foi feito um curto intervalo e os últimos minutos da audição decorreram num ambiente menos crispado.
O julgamento prossegue na quinta-feira a partir das 09:30 com a continuação da audição de Nélio Lucas, agora na fase das inquirições pelos assistentes do processo e pelos representantes dos arguidos.