Inspetor da PJ revela que desapareceram dois sacos de provas aquando da extradição de Rui Pinto
Ouvido na quinta sessão do julgamento do caso Football Leaks, o inspetor da PJ, José Amador, revelou o desaparecimento de dois sacos de provas aquando da extradição de Rui Pinto para Portugal. O inspetor explicou ainda o método que levou a PJ a descobrir a morada do arguido em Budapeste, contando também como foi feita a ligação de Rui Pinto à intromissão o sistema informático do Sporting.
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A parte da manhã desta quinta sessão do julgamento do Football Leaks foi dedicada ao depoimento do inspetor José Amador, investigador na unidade de cibercrime da PJ desde maio de 2010.
Na sessão desta terça-feira foi revelado que, quando a Polícia Judiciária (PJ) foi a Budapeste para participar na detenção de Rui Pinto, 26 sacos de prova, que, entre outros objetos, continham discos rígidos e outro material informático, foram fechados e selados com a assinatura do arguido e, posteriormente, guardados pela polícia húngara. Aquando da extradição de Rui Pinto para Portugal, a PJ percebeu, já à chegada a Lisboa, que dois sacos de provas tinham desaparecido e que os restantes tinham sido mexidos. Amador desvalorizou, no entanto, o conteúdo dos sacos desaparecidos, explicando que um só tinha cabos e outro uns papéis sem importância de maior.
O inspetor José Amador estranhou e contactou a polícia húngara com quem habitualmente lidava, recebendo a informação que tinha sido outro corpo policial da Hungria, sob indicações das autoridades francesas, a mexer nos sacos de prova.
A polícia francesa esteve a investigar o caso e a analisar os sacos de prova em questão, mas José Amador acredita que não houve mexida relevante nas provas, tendo apenas sido feitas cópias. Já recentemente, as autoridades francesas solicitaram à PJ o fornecimento das passwords de Rui Pinto, o que no entender da juíza dá a entender que não conseguiram aceder à informação pretendida.
O inspetor José Amador explicou depois de que forma a PJ conseguiu localizar Rui Pinto, em Budapeste. Na sequência das escutas que aquela polícia fez ao pai, à madrasta e à irmã de Rui Pinto, foi possível aceder a uma mensagem de um banco a confirmar uma viagem a Budapeste. A PJ percebeu que o pai e a madrasta do arguido iam à Hungria visitá-lo, perceberam a data do voo e depois seguiram os familiares até à morada de Rui Pinto naquele país.
Na primeira parte desta quinta sessão foi ainda revelado que a PJ pediu à Google informações sobre IP's que estariam a ser utilizados por Rui Pinto. Através dessa informação fornecida pela Google, a PJ aferiu que um IP associado a Rui Pinto era o mesmo que tinha entrado no sistema informático do Sporting, conseguindo, assim, fazer a ligação ao criador do Football Leaks.