Advogado e assistente no processo Football Leaks ouvido esta quinta-feira no Campus de Justiça, na quarta sessão do julgamento de Ru Pinto.
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Rui Costa Pereira, advogado e assistente no processo Football Leaks ouvido esta quinta-feira no Campus de Justiça, visou diretamente Rui Pinto por causa de uma publicação do denunciante no Twitter, há dois dias, antes de ser ouvido em tribunal, no qual o arguido criticava o advogado por algumas mensagens também publicadas nas redes sociais.
"Poucas horas antes de vir aqui, há dois dias, o próprio arguido fez um tweet. Desde ter vindo aqui ontem [quarta-feira] é um chorrilho de insultos e ameaças, às centenas ou milhares", revelou, num momento em que Rui Pinto reagia de forma mais visível na sala de tribunal, movimentando a cabeça e os braços, ora em sinal de assentimento, ora em discordância das palavras de Rui Costa Pereira.
O advogado reiterou as críticas já veiculadas por João Medeiros ao Ministério Público (MP) sobre a utilização de um e-mail roubado numa nota de rodapé de uma contestação no processo das rendas excessivas da EDP, salientando a "referência enviesada" nessa situação e prometendo agir em conformidade.
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"Do ponto de vista profissional, o resultado dessa intrusão ainda se sente hoje. Não saberei tudo o que o MP anda a fazer, mas tomarei as medidas adequadas", frisou.
Questionado sobre as consequências pessoais da divulgação dos documentos guardados no seu computador, o assistente no processo Football Leaks realçou a "sensação de violação" da privacidade e os "momentos de absoluto caos e pânico" vividos naquele período.
"As primeiras palavras de conforto nem vieram da PLMJ, vieram de outros colegas. Fomos postos de parte na PLMJ".
Posteriormente, foi a vez da advogada Inês Almeida Costa, igualmente assistente no processo e que pertenceu à PLMJ, prestar declarações, nas quais enfatizou a demonstração de poder na divulgação de informação: "Não havia critério, aquilo foi debitado. Era um link com milhares de documentos. Não havia um racional, foi porque sim, para mostrar poder. Parecia um filme", sintetizou.
A inquirição a Inês Almeida Costa prossegue de tarde, seguindo-se o inspetor da Polícia Judiciária, Miguel Covas Amador.
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Rui Pinto, de 31 anos, vai responder por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência e seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
Aquele último crime diz respeito à Doyen e levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto, então representante de Rui Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, "devido à sua colaboração" com a Polícia Judiciária (PJ) e o seu "sentido crítico", mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.