Cerca de cinco mil casas estão em risco de desabamento na cidade da Praia, capital de Cabo Verde, avançou o diretor da Proteção Civil do município, que apresentou hoje o plano de emergência para a época das chuvas.
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Em conferência de imprensa, Celestino Afonso, que é também comandante dos Bombeiros Municipais da Praia, disse que o valor foi encontrado após um levantamento feito em abril, em todos os pontos críticos da cidade.
O diretor da Proteção Civil do maior município do país salientou que as lajes das casas, por exemplo, tornam-se ainda uma preocupação maior, por causa do aceleramento do processo de degradação com as chuvas.
Além das casas, disse que há também outras estruturas, como muros de proteção e de contenção, em risco de desabamento em vários pontos do município.
Deposição de escombros nos espaços baldios e linhas de água, deposição de aterros nas encostas resultantes das construções, obstrução e assoreamento de infraestruturas físicas de drenagem, depressões naturais e artificiais suscetíveis de acumulação de água, degradação de vidas de acesso e perigo de queda de blocos das arribas e escarpas foram outros problemas constatados na Praia.
As construções nas ribeiras continuam a ser outra preocupação do bombeiros, mas o diretor da Proteção Civil avançou que, em certos bairros, com a construção de algumas infraestruturas de drenagem, consegue-se minimizar o risco de cheias e inundações.
"Mas ainda há muito por fazer", salientou, apontando como preocupantes os bairros de Jamaica e Castelão, e sublinhando que a cidade está "minimamente preparada", mas que em caso de fenómenos fora do normal terá de recorrer a outros meios e ajudas.
Celestino Afonso avançou que o levantamento consta do plano de emergência, bem como medidas de resolução, que serão enviadas aos agentes da Proteção Civil, instituições interessadas e colaboradores.
O diretor da Proteção Civil aproveitou ainda para apelar a colaboração, contribuição e participação de todos os cidadãos, com adoção de "hábitos e comportamentos saudáveis" e intervenções diretas e comunitárias nos seus bairros.
"Nunca é demais realçar que a proteção civil é uma tarefa de todos e para todos", salientou Celestino Afonso, indicando que o plano foi elaborado tendo em conta que este ano as previsões apontam para chuvas regulares no país.
As zonas baixas da Várzea, Santaninha, Jamaica ou Fonton são as mais propensas a cheias e inundações, indicou o responsável municipal, referindo, por outro lado, que a situação é agravada pelas enxurradas das encostas e pelas construções clandestinas.
O plano, orçado em 25 milhões de escudos cabo-verdianos (226 mil euros), já está em curso, tendo, além da fase de prevenção e preparação, ações durante as chuvas e também depois, com a recuperação e reabilitação em caso de acontecer algum estrago na cidade.
As atividades constantes do plano vão ser desenvolvidas por uma equipa composta pelas direções da Proteção Civil e dos Bombeiros, Ambiente e Saneamento, Guarda Municipal, Infraestruturas e Transportes, Ação Social e Género da Câmara Municipal.
O plano conta ainda com colaboração de agentes locais e nacionais da Proteção Civil, Cruz Vermelha, Polícia Nacional, Forças Armadas, Delegacia de Saúde, Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros e tem apoio de empresas privadas e organizações da sociedade civil.