Aos 81 anos mantém-se dinâmica e diz que trabalha sete dias por semana, já nem tem tempo para ir jogar aos casinos. Deixou-se disso.
Corpo do artigo
Carolyn Goodman, mayor de Las Vegas, foi entrevistada por Anderson Cooper, estrela da CNN, e ia dando com ele em maluco. Então não é que a senhora quer reabrir toda a agitação da cidade? Nos Estados Unidos o número de mortos ultrapassa os 45 mil, mas a melhor resposta à pandemia é voltar a dar gás a casinos, hotéis, estádios e pavilhões. Chamar o mundo para um exemplar leva e trás de dólares. E não se lhe fale de insanidade nem de Las Vegas transformada em placa giratória de vírus que a senhora leva a mal, porque acha possível constituir um grupo de controlo numa cidade de passagem onde vai desaguar gente de todos os cantos do planeta, porque abrindo a festa torna-se necessário reativar os aeroportos. É evidente que teria a sua componente de comicidade ver esterilizar cada máquina de casino depois de usada e antes do próximo/a lá por as mãozinhas enluvadas antes de começar a beber.
Apesar de ter dado dela própria uma imagem terrível de desrespeito pela realidade (saberá o que é humanidade?) - Anderson Cooper entre tirar e voltar a pôr os óculos não resistiu a chamar-lhe "insana" e "ignorante" -, a senhora Goodman é adorada em Vegas. Pelo menos a avaliar pelos números. Nem sequer é de lá, nasceu em Nova Iorque, e da primeira vez que foi a votos para liderar a cidade, em 2011, conquistou 60% do eleitorado; há um ano, abalançou-se ao terceiro (e último) mandato e foi reeleita com 83,5% dos votos. O facto de ser casada com o mayor anterior terá ajudado ao lançamento da carreira, mas algum mérito há de ter para se aguentar e em crescendo.
Aos 81 anos mantém-se dinâmica e diz que trabalha sete dias por semana, já nem tem tempo para ir jogar aos casinos. Deixou-se disso. Teriam outro encanto quando se mudou para Vegas em 1964. Passou a ter outras preocupações, todas elas anticonfinamento filosófico, mas levadas a cabo numa altura em que se falava de outra coisa: expansão. E a mayor, que se lembra de ter sobrevivido a viagens constantes no superlotado metro de Nova Iorque e ter usado elevados apinhados de gente, adorava ver estádios e pavilhões cheios. Por isso patrocinou a criação de equipa de hóquei no gelo Vegas Golden
Nights a partir de 2017/18 e este ano mudou-se para a cidade a equipa de futebol americano Oakland Raiders, passando a chamar-se Las Vegas Riders.
Nights a partir de 2017/18 e este ano mudou-se para a cidade a equipa de futebol americano Oakland Raiders, passando a chamar-se Las Vegas Riders. Também o verdadeiro futebol entrou nos planos da presidente da câmara, que depois de várias vezes ter tentado aliciar a deslocalização de uma equipa da MLS (Major Soccer League, o campeonato profissional), como fez com os Riders, em 2018 foi criado o Las Vegas Lights FC, que disputa a United Soccer League, uma espécie de segunda divisão.
Politicamente, apesar dos arremedos Trumpistas, faz gala de ser independente. Não apoiou o presidente nem a opositora Hilary Clinton. Em 2011, encontrou-se com Barak Obama num aeroporto, foi cumprimentá-lo e disse-lhe que havia sido eleita com uma "lista nova e limpa". Dois anos antes o então presidente dos Estados Unidos criticara duramente a governação de Las Vegas. O mayor visado fora o marido dela, Oscar Goodman.