Secretário-geral da ONU encabeça plano global de ataque à pandemia
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Durante a apresentação do plano global de combate à pandemia de Covid-19, António Guterres, secretário-geral da ONU, lembrou que a "Covid-19 está a ameaçar toda a humanidade e, por isso, toda a humanidade tem de reagir". No seu entender, a ação de cada país, por si só, não vai chegar para vencer o vírus: "A resposta individual dos países não será suficiente."
"Precisamos de ajudar os mais vulneráveis, milhões e milhões de pessoas que são menos capazes de se proteger. Esta é uma questão básica de solidariedade humana. Também é crucial para combater o vírus. Este é o momento de apoiar os vulneráveis.", adiantou ainda o líder da ONU.
No mesmo evento, que decorreu online a partir de Nova Iorque, o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, declarou: "A Covid-19 já mudou a vida de alguns dos países mais ricos do mundo. Agora está a chegar a lugares onde as pessoas vivem em zonas de guerra, não têm acesso a água potável e sabão, nem a uma cama de hospital, na eventualidade de ficarem gravemente doentes.
"Seria cruel e imprudente deixar os países mais pobres e vulneráveis do mundo à sua sorte. Se permitirmos que o coronavírus se propague livremente nesses países, estaremos a colocar milhões em alto risco, regiões inteiras levadas ao caos e o vírus terá a oportunidade de continuar a circular pelo mundo.", acrescentou.
Para Lowcock, "os países que estão a lutar contra a pandemia dentro das suas fronteiras estão, com razão, a dar prioridade às pessoas que vivem nas suas comunidades. Mas a dura verdade é que eles não irão conseguir proteger o seu próprio povo, se não agirem agora para ajudar os países mais pobres."
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus,lembrou por sua vez que "o vírus está agora a espalhar-se em países com sistemas de saúde fracos, incluindo alguns que já estão a enfrentar crises humanitárias. Estes países precisam do nosso apoio, por solidariedade, mas também para nos proteger e ajudar a travar esta pandemia. Ao mesmo tempo, não devemos combater a pandemia às custas de outras emergências de saúde humanitária."
Para a diretora-executiva da UNICEF, Henrietta Fore, "as crianças são as vítimas ocultas da pandemia do Covid-19.
"O encerramento das escolas está a afetar a sua educação, saúde mental e acesso a serviços básicos de saúde. Os riscos de exploração e abuso são maiores do que nunca. Haverá consequências como nunca vimos para as as crianças deslocadas ou que vivem em regiões de conflito", disse.
Durante o lançamento virtual do Plano Global de Resposta Humanitária Global para aCovid-19, o secretário-geral da ONU apelou aos Estados-membros para que se comprometam a conter o impacto da Covid-19 em países vulneráveis, dando o maior apoio possível ao Plano, além de sustentar o apoio central aos apelos humanitários existentes que ajudam mais de 100 milhões de pessoas que dependem da assistência humanitária da ONU para sobreviver.
Os Estados-membros foram alertados para o facto de que qualquer desvio de financiamento das operações humanitárias existentes poderá criar uma situação em que a propagação da cólera, do sarampo e da meningite pode aumentar e mais crianças podem ficar desnutridas.
Para iniciar o Plano de Resposta, o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários libertou US $ 60 milhões adicionais do Fundo Central de Resposta de Emergência (CERF) da ONU. O apoio total do CERF à ação humanitária para responder à pandemia da COVID-19 sobe assim para os US $ 75 milhões.
Essa nova alocação do CERF, uma das maiores já realizadas, apoiará: o Programa Alimentar Mundial a garantir a continuidade das cadeias de alimentos e o transporte de trabalhadores humanitários; a Organização Mundial de Saúde a conter a propagação da pandemia; e outras agências a fornecer assistência humanitária e proteção às pessoas mais afetadas pela pandemia, incluindo mulheres e meninas, refugiados e pessoas deslocadas internamente. O apoio incluirá esforços em torno da segurança alimentar, saúde física e mental, água e saneamento, nutrição e proteção.