A morte de George Floyd, na segunda-feira, provocou manifestações que degeneraram em tumultos em Minneapolis, no Minnesota, norte do país.
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O ex-Presidente norte-americano Barack Obama denunciou esta sexta-feira a morte de George Floyd, asfixiado por um polícia durante uma detenção em Minneapolis, vincando que não deveria ser considerada como "normal" nos Estados Unidos.
"Na América de 2020 isso não deveria ser normal", indicou em comunicado o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos.
"Caso pretendamos que os nossos filhos cresçam num país à altura dos seus maiores ideais, podemos e devemos fazer melhor", acrescentou.
A morte de George Floyd, na segunda-feira, provocou manifestações que degeneraram em tumultos em Minneapolis, no Minnesota, norte do país.
Barack Obama partilhou o seu comunicado na rede social Twitter ao explicar que nos últimos dias discutiu com amigos o vídeo dos últimos instantes do afro-americano de 46 anos "que morreu com a cara no chão contra o alcatrão e sob o joelho de um polícia".
Refere-se ainda ao vídeo de Keedron Bryant, um jovem rapaz e cantor de gospel, de 12 anos, que canta a morte de George Floyd com palavras "Quero apenas viver", que se tornou viral nos Estados Unidos e que um amigo lhe enviou para exprimir a sua "frustração".
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"O meu amigo e Keedron vêm talvez de meios diferentes, mas a sua mágoa é a mesma. Partilho-a, tal como milhões de outros", revelou o antigo Presidente.
"É natural pretender que a vida se torne justa e normal quando a pandemia e a crise económica transformam tudo à nossa volta", prosseguiu.
"Mas devemos recordar-nos que para milhões de americanos, ser tratado de forma diferente em função da raça é tragicamente, dolorosamente e de forma revoltante normal, seja nas suas relações com o sistema de saúde, com o sistema judicial, praticando jogging ou observando pássaros num parque", destacou.
Barack Obama, 58 anos, fazia desta forma alusão a diversos casos recentes que voltaram a despertar o doloroso debate sobre as violências e as injustiças contra os negros nos Estados Unidos.
A cidade de Minneapolis registou uma terceira noite de tumultos e protestos pela morte de George Floyd, com a Guarda Nacional dos EUA a destacar 500 soldados para tentar controlar a situação.
Milhares de pessoas saíram de novo à rua na quinta-feira em protestos que acabaram em motins e saques, tendo já provocado a morte de um lojista que procurava evitar um roubo.
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Na quinta-feira, o governador do Estado do Minnesota, Tim Walz, assinou um decreto para autorizar a intervenção da Guarda Nacional que, esta manhã destacou 500 soldados para a cidade de Minneapolis.
Também o Presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu tudo fazer para travar a violência em Minneapolis, usando a sua conta pessoal na rede social Twitter para avisar que se os motins prosseguissem seriam enfrentados com "tiros" das autoridades.
De acordo com um comunicado da Guarda Nacional, os soldados destacados para Minneapolis "oferecerão apoio às autoridades civis, desde que solicitadas, para garantir a segurança de pessoas e bens".
Durante a madrugada, os soldados já participaram em várias missões, ao lado de bombeiros e polícias, contra "distúrbios civis", segundo o mesmo comunicado.
Para além deste reforço militar, também 200 polícias estaduais, com vários helicópteros de apoio, foram mobilizados, depois de na noite de quinta-feira a violência ter continuado nas ruas de Minneapolis, com um posto de polícia a ser incendiado, no norte da cidade, e com dezenas de lojas saqueadas.
Os manifestantes começaram a reunir-se no início da tarde de quarta-feira, na parte sul da cidade, onde George Floyd tinha sido morto, depois de um polícia se ter ajoelhado sobre o seu pescoço, até ele ficar inconsciente.
A polícia alegou que o homem resistiu à prisão, mas novas imagens, captadas pelas câmaras do restaurante em frente ao qual ocorreu a detenção, mostraram Floyd a ser conduzido para a viatura policial, de mãos algemadas nas costas e sem oferecer resistência.
A chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, disse que o departamento vai conduzir uma investigação interna completa e também a Procuradoria e o FBI disseram que farão inquéritos separados para tentar apurar responsabilidades na morte de George Floyd.