"Há um despertar dos vianenses para a condição física e mental"
Foi rodeado por icónicas peças de vestuário "à vianesa", numa sala do Museu do Traje, que O JOGO esteve à conversa com Luís Nobre, presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, eleita Cidade Europeia do Desporto em 2023.
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Viana conquistou, em fevereiro, o título de Cidade Europeia do Desporto. Qual o sentimento após esta distinção?
-O sentimento é de responsabilidade e de compromisso. É o compromisso de todo o Executivo, mas também de todos os recursos municipais para o conseguir cumprir com a distinção. O objetivo é mostrar, a quem nos atribui esta distinção, que nos envolvemos e que tivemos consciência da importância que é esta responsabilidade, durante um ano, para projetar o que é o desporto. Trata-se de uma área extremamente relevante para as sociedades modernas e temos um compromisso de fazer bem.
Têm investido bastante na criação e renovação de espaços desportivos. Este é um dos grandes objetivos do seu mandato?
-Temos sempre duas áreas de atuação, que neste caso são a educação e desporto, complementares e determinantes. Temos um plano de investimento. Nos últimos dez anos, foram investidos mais de 31,6 milhões de euros em infraestruturas pelo concelho e isso para todas as modalidades. Temos mais de 50, que podem ser praticadas em espaço fechado ou aberto. Há também uma rede de equipamentos que nos permite praticar um conjunto de modalidades em função do seu contexto territorial. Temos equipamentos de montanha para as valências de desporto de natureza, a nossa frente atlântica e margens fluviais para prática náutica, e ainda piscinas, polidesportivos, pavilhões. Tivemos sempre este objetivo: ter um plano e executá-lo. O investimento nas infraestruturas é fundamental na capacitação humana, no impacto que estas têm na nossa população. Contamos com cerca de cinco mil atletas federados e mais de dez mil não federados. O nosso grande objetivo passa também por continuar a apostar para que os jovens possam ter acesso ao desporto que escolheram. E isso é muito relevante. Queremos incluir e garantir oportunidade para todos.
Considera que este investimento tem influência na prática desportiva por parte dos vianenses?
-Não tenho dúvidas, porque há hoje um despertar por parte dos vianenses para o que é a condição física e mental. Se tivermos alguém com quem nos identificamos, seja pela amizade ou trabalho, que faça alguma atividade física, isso influencia-nos para que nos disponibilizemos a praticar algum desporto. E, de facto, temos vindo a assistir a isso. Vemos cada vez mais pessoas em caminhadas, em trilhos com grupos bastante grandes. Há ainda uma adesão ao ciclismo, vemos grupos com alguma expressão, grupos que se organizam, é bom, e é isso a perspetiva: queremos impactar de forma positiva. O nosso objetivo é deixar marca, ter mais adesões e os números serem cada vez mais significativos em todas as modalidades.
Quais são as modalidades mais fortes na cidade?
-Costumo dizer que Viana do Castelo e os vianenses amam o desporto. Existem várias modalidades na cidade. Temos a modalidade transversal a todo o mundo: o futebol.Pratica-se de várias formas, seja de 11, futsal ou ainda futebol feminino que tem vindo a ter um crescimento significativo nas duas vertentes. Os desportos náuticos são também uma grande referencia na cidade pela relação franca que a população sempre teve com o espaço marítimo. O ciclismo e o atletismo também são uma forte aposta da nossa cidade. A Manuela Machado, campeã mundial de atletismo, induz à prática. O voleibol, o andebol e o basquetebol são outros desportos que também nos marcam com bons resultados. Ainda os desportos motorizados também são significativos para o concelho.
Considera que todo o investimento que tem vindo a fazer no desporto contribuiu para que os atletas atinjam um alto nível?
-Se não houver estes resultados, quer dizer que o problema está nos dirigentes. O nosso trabalho é criar as condições para que os atletas possam concentrar-se e focar-se nas suas modalidades sem pensar no resto. Portanto, é importante que as infraestruturas correspondam. Daí a nossa prioridade ser o investimento, seja na construção ou na reabilitação de espaços dedicados para o desporto. Hoje a competição traz outras exigências e acompanhamento, as coisas são concretizadas num detalhe. Toda esta energia leva a que haja complementaridade e trabalho para que os atletas possam ter boas condições. É um processo progressivo, de investimento, a longo e a curto prazo. Só durante a pré-candidatura e este ano, investimos mais de 6,6 milhões de euros no desporto, é algo significativo. Queremos fazer sempre mais, identificar as prioridades, incorporar novas modalidades, novas infraestruturas e estar sempre em diálogo.
Quais são os próximos objetivos?
-É termos a certeza que compactamos o nosso espaço, tanto na sua capacitação como na dos clubes ou associações, e ainda na mobilização das massas. Se temos cinco mil atletas federados e dez mil não federados, queremos ter mais. Tem que haver um antes e um depois desta candidatura. Esperemos que todo o esforço para cumprir este compromisso com excelência seja reconhecido e que Viana do Castelo seja distinguida como melhor Cidade Europeia do desporto. O que importa é o que irá ficar depois da experiência.