
Vânia Duarte
Vânia Duarte encontrou em Gaia o desafio que procurava. Aos 25 anos, a lateral afirma-se como peça-chave
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Aos 25 anos, Vânia Duarte trocou o Braga pelo Valadares e rapidamente se tornou numa das peças mais aproveitadas por Zé Nando. Lateral de reconhecida entrega e consistência, soma já oito jogos na presente temporada e é uma das vozes da confiança do grupo gaiense. O Valadares ocupa o quinto lugar da Liga BPI e prepara-se para regressar a Braga - desta vez em duelo para a Taça da Liga - num reencontro especial para a internacional jovem portuguesa que no Minho também deixou marca.
O que a levou a dizer "sim" ao Valadares após duas épocas no Braga?
-Senti que era o momento certo para procurar novos desafios na minha carreira. O Valadares apresentou-me um projeto muito interessante, no qual acredito que posso continuar a evoluir como jogadora e ter um papel importante dentro da equipa.
Como foi esse processo de adaptação? Nova cidade, nova casa e uma nova forma de jogar.
-Foi muito tranquilo. Desde o primeiro dia senti-me bem acolhida, tanto pelas colegas como por toda a estrutura do clube. Claro que há sempre um período de adaptação, novos métodos, novas ideias, mas o ambiente ajudou imenso. Hoje sinto-me totalmente integrada e cada vez mais à vontade dentro das dinâmicas da equipa.
Percebeu logo que tinha encontrado o seu lugar?
-Sim, sem dúvida. Desde os primeiros treinos senti uma boa energia e uma enorme vontade de fazer parte deste grupo. Quando se é bem recebida tudo flui com mais naturalidade, foi exatamente isso que aconteceu comigo.
O Valadares tem a reputação de ser um clube estável e com identidade vincada. O que mais a surpreendeu?
-O profissionalismo. Desde o primeiro dia percebi que é um clube muito bem organizado, onde trabalham no mesmo sentido. Há um espírito de união muito forte. No fundo, é uma família. Essa ligação torna o trabalho mais leve e faz-nos crescer não só como jogadoras, mas também como pessoas.
Tem sido uma das jogadoras mais utilizadas. Sente que está a atravessar um dos melhores momentos da carreira?
-Sinto-me numa fase muito positiva. Tenho jogado com regularidade, sinto confiança e vejo que o meu trabalho está a ser reconhecido. O treinador tem-me transmitido confiança, as colegas apoiam-me, e isso dá-me motivação. Sei que ainda há muito por fazer, mas sinto que estou no caminho certo.
Há aspetos específicos do seu jogo que tenha procurado melhorar nesta nova etapa?
-Tenho trabalhado sobretudo na tomada de decisão e na consistência ao longo dos 90 minutos. Quero ser uma jogadora mais completa, capaz de responder bem em diferentes contextos do jogo. Tenho essa ambição diária de sair sempre melhor do que entrei.
Como descreve o estilo de jogo do Valadares?
-Somos uma equipa organizada, que gosta de ter bola e construir atrás. Apostamos num jogo apoiado, mas sabemos ser pragmáticas quando é preciso. Também somos fortes nas transições e há sempre espaço para cada jogadora se expressar dentro do modelo. O coletivo está sempre em primeiro lugar, mas com liberdade para o talento individual aparecer.
O Valadares é quinto na Liga BPI, com dois triunfos, dois empates e outras tantas derrotas. É um retrato justo do valor da equipa?
-Acho que mostra parte do que temos feito, mas valemos mais. Tivemos bons jogos e outros em que os resultados não refletiram o nosso trabalho. O grupo está consciente do seu potencial e acredito que, com o tempo, vai traduzir-se em pontos e numa classificação ainda melhor.
No próximo jogo regressa a Braga, o que sente ao voltar a uma casa onde passou dois anos?
-Vai ser especial. Tenho boas memórias do tempo passado no Braga, mas agora defendo outras cores e o meu foco está no Valadares. Quero ajudar a equipa a fazer um bom jogo e, claro, conquistar os três pontos. A emoção existe, mas a prioridade é o coletivo.
A exigência aumentou muito no futebol feminino português
Ávida e confiante, Vânia Duarte encara esta nova época como uma oportunidade para se afirmar e ajudar o grupo a crescer. Aos 25 anos, a lateral do Valadares não esconde a ambição que move a equipa. "Pessoalmente, quero continuar a evoluir, ser regular e útil à equipa. Coletivamente, o objetivo passa por tornar o Valadares cada vez mais competitivo e manter esta linha de evolução em todas as competições", realça.
Atenta ao que se passa no futebol feminino, Vânia sente de perto a mudança que tem atravessado a modalidade. "A exigência aumentou muito, há mais profissionalismo, mais investimento e também uma maior cobrança. Isso tem elevado o nível geral. É bonito ver o crescimento e fazer parte dele".
