"Treinar quatro vezes por semana, ter jogo ao domingo e depois o trabalho..."
Com um lugar na fase de campeão, Joana Baptista acredita que o Clube Albergaria vai "divertir-se a jogar".
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No Clube Albergaria há dez anos, Joana Baptista, além de jogar, está a fazer o mestrado em Engenharia Física e ainda concilia as duas tarefas com o trabalho de estatística desportiva. Ser profissional nunca foi um objetivo, mas chegar à Seleção Nacional é um sonho ainda por realizar.
Um ponto em Gaia, na última jornada, valeu a passagem à fase de apuramento de campeão da Liga BPI. Foi um jogo emotivo?
-Sim, tínhamos preparado o jogo para ganhar, sabendo que um empate nos servia, e felizmente conseguimos. Foi um jogo com muitas oportunidades para as duas equipas, qualquer uma podia ter marcado, mas felizmente correu-nos bem. O ano passado também só conseguimos a passagem a esta fase no último jogo e o campeonato, nessa primeira fase, também não nos tinha corrido muito bem. Este ano foi mais ou menos igual, até perdemos o último jogo antes do Valadares, mas agora que estamos nesta fase a equipa joga sem pressão, diverte-se a jogar e acho que vamos conseguir chegar a níveis muito bons, como no ano passado.
Um lugar nas oito melhores equipas é um objetivo cumprido?
- Sim, todas as épocas o principal objetivo é assegurar a permanência, quanto mais cedo melhor. O mais cedo é ficar nos quatro primeiros lugares.
O que está a ser mais difícil esta temporada?
- As outras equipas reforçaram-se muito, nós também, mas perdemos jogadoras que faziam alguma diferença na nossa equipa. E como temos alguns elementos estrangeiros, que não estavam habituadas ao nosso sistema de jogo, acaba por ser um pouco difícil.
Está no Clube Albergaria desde que começou a jogar futebol. Como está a ser a experiência?
- Acho que foi muito bom ter começado no Clube Albergaria, porque tínhamos uma equipa muito boa, com jogadoras muito boas. Antes, treinávamos todas juntas, não havia separação entre seniores e juniores, e, então, acabei por jogar com jogadoras de topo, o que me permitiu aprender muito.
Foi importante jogar com essas atletas mais velhas?
- Sim, ajudou-me muito. Até porque eram seniores com muita qualidade, como a Jéssica Silva e a Andreia Norton, por exemplo.
Uma das coisas que costumam dizer sobre a Joana é que tem facilidade de marcar "golaços". Ainda se lembra do primeiro com a camisola do Clube Albergaria?
- Foi contra o A-dos-Francos, em 2017/18. Foi um golo bonito, mas até foi sem querer. Fiz uma "cueca" junto à linha e queria cruzar a bola, mas como estava vento a bola entrou no ângulo!
Antes do futebol, começou na natação. Como aconteceu a mudança?
- Sempre gostei muito de futebol, só que quando era pequena não havia tantos escalões para jogar. Por exemplo, o Clube Albergaria, que é o clube da minha terra, na altura só tinha a equipa sénior e, como é óbvio, não dava para jogar. Comecei na natação e cheguei a entrar em competições. No entanto, continuava a gostar de jogar futebol e depois surgiu a oportunidade: eles tinham uma equipa de juniores onde uma colega jogava e ela chateou-me tanto que acabei por ir. A minha mãe não gostava nada da ideia, não gostava mesmo nada, e então isso ainda me deu aquele gozo de a contrariar. Quando deixei a natação fui logo para o Clube Albergaria.
Desde que trocou a natação pelo futebol, não voltou a ter vontade de regressar à piscina?
- Hum, não. Tinha saudade de nadar, mas de competir não. Mas nadar sim, até estou inscrita na piscina para ir lá dar uma braçadas. Gosto muito mais do futebol.
A exigência entre as duas modalidades é diferente?
- É diferente, mas na natação era uma questão muito mais individual. Nas provas, pontuávamos para a equipa, acabava por ser coletivo, mas dependia muito da prestação individual. No futebol, a tua prestação individual pode prejudicar o coletivo, mas não se nota tanto, se calhar.
Relativamente ao futuro, que ambições tem no futebol?
- No futebol nunca tive o objetivo de ser profissional, o meu objetivo sempre foi acabar o curso da faculdade e depois logo se via. Gosto de jogar e é por isso que jogo, mas não é com o objetivo de me tornar profissional. Se acontecer, penso sobre isso.
Ir à Seleção não está nos seus objetivos?
Nunca fui chamada, nem para as camadas jovens, mas se alguma vez isso acontecer vou ficar muito orgulhosa.
Além de jogar e de estudar, também trabalha. Como é que concilia isto tudo?
- Estou no último ano de mestrado em Engenharia Física e ainda trabalho numa empresa estrangeira, com sede em Aveiro, que faz análise desportiva. Não é fácil ter vida, por isso é que o curso está a ser feito assim, com tempo (risos). Treinar quatro vezes por semana, ter jogo ao domingo e depois o trabalho, é um bocadinho puxado, mas tudo se consegue. Normalmente, tenho aulas de manhã, tenho jogos de análise à tarde e depois vou treinar às 20 horas.