Portugal: as diferenças para a elite do futebol feminino já não são assim tantas
Nos encontros diante da Suíça e dos Países Baixos, pudemos constatar que a equipa das Quinas sente-se confortável em praticamente todos os momentos do jogo, menos nas bolas paradas defensivas. Dos cinco golos que sofreu até agora no Europeu, três resultaram desse tipo de situações. Os outros dois foram remates de meia distância.
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Concluída a segunda jornada do Grupo C do Campeonato da Europa de futebol feminino, que se está a disputar em solo inglês, a Seleção Nacional soma um ponto, fruto de um empate na partida de estreia, frente à Suíça (2-2), e de uma derrota perante os Países Baixos (3-2). No entanto, o atual cenário da tabela classificativa não é o melhor indicador para se perceber o crescimento e a evolução da equipa orientada por Francisco Neto.
No primeiro jogo, Portugal, sobretudo na segunda parte, foi muito superior à turma helvética (que ocupa a 20ª posição no ranking FIFA) e só não conseguiu chegar à vitória por mera infelicidade e algum desacerto na hora da finalização (recordar, por exemplo, que, aos 88 minutos desse desafio, Telma Encarnação enviou uma bola ao ferro da baliza de Gaëlle Thalmann). A formação lusa terminou o encontro com mais do dobro do número de remates da congénere suíça (16 contra sete) e mais posse de bola (56% contra 44%).
Já na segunda partida, a Seleção portuguesa nunca deixou que o conjunto neerlandês (campeão europeu e vice-campeão mundial) colocasse em prática todo o seu teórico favoritismo. Os Países Baixos, comandados por Mark Parsons, acabaram por sair com o triunfo, mas a equipa das Quinas demonstrou uma inabalável união, teve uma alma inexcedível e procurou sempre os três pontos.
Nos dois duelos que disputou, Portugal sofreu um total de cinco golos. No entanto, numa análise a esse dado estatístico, verificamos que três deles foram em lances de bola parada (o calcanhar de Aquiles da Seleção, essencialmente devido à elevada estatura e ao poderio físico das adversárias) e os outros dois resultaram de remates de meia distância. Por outras palavras, foram esses pormenores (que, no fim, se traduzem em "pormaiores") que fizeram toda a diferença nos desfechos dos jogos.
Abordando agora a questão dos golos marcados, Portugal é, neste momento, a quarta seleção com mais tentos obtidos (a par da Noruega, Espanha e Países Baixos, todas com quatro), sendo apenas superado pelas potências Inglaterra (nove), Alemanha (seis) e França (cinco, mas com menos um encontro realizado). Este registo já é superior ao do Euro de 2017, onde a armada portuguesa apontou três golos (dois à Escócia e um à seleção inglesa).
Se colocarmos tudo isto na balança, notamos que as diferenças para a elite do futebol feminino já não são assim tantas e que a tendência é para que as mesmas se continuem a desvanecer. A profissionalização da modalidade no setor das mulheres em Portugal e o forte investimento que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e os clubes têm vindo a fazer ao longo dos últimos anos aumentaram a competitividade do nosso campeonato e o nível individual das atletas, cujo trajeto nos escalões de formação é feito com outras condições de trabalho e possui um acompanhamento mais aprofundado.
No próximo domingo, dia 17, Portugal mede forças com a Suécia (segunda colocada no ranking FIFA, somente atrás dos EUA, e vice-campeã olímpica) para decidir quem segue para os quartos de final do Europeu, dependendo exclusivamente de si para se manter em prova. Por aquilo que vimos até agora, só podemos acreditar num desenlace risonho. Todavia, independentemente do que possa vir a acontecer, uma coisa já é certa: A (imensa) qualidade exibicional que a Seleção Nacional está a expor neste Campeonato da Europa prestigiará a imagem de todas as internacionais lusas e do futebol feminino português.
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