Marie-Yasmine Alidou é um dos talismãs do Famalicão e tem dez golos em 24 jogos esta época. A jogadora de 27 anos, internacional pelo Canadá, atuou em cinco países e contou a O JOGO que fez a escolha acertada quando se mudou de malas e bagagens para Famalicão e para a Liga BPI.
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Marie-Yasmine Alidou, também conhecida por Mimi, é natural de Montreal, Canadá, e chegou ao conjunto famalicense esta temporada, proveniente do Sturm Graz, da primeira divisão austríaca, clube pelo qual realizou oito jogos e marcou quatro golos. Internacional A pela seleção canadiana, a médio de 27 anos vestiu ainda as camisolas do UQAM Citadins (equipa universitária do Canadá), do Marselha, de França, do Linköping, da Suécia, do Huelva, de Espanha, e do Klepp, da Noruega.
A Alidou passou por vários clubes no Velho Continente e vivenciou diferentes culturas e ambientes. Dada a sua vasta experiência, o que acha que tem mudado ao longo do tempo no futebol feminino?
-Acho incrível que as pessoas em redor, neste caso na Europa, estejam mais focadas e mais interessadas em ver e ajudar o futebol feminino. O jogo cresceu muito para as mulheres e isto é apenas o começo de tudo. É incrível e muito satisfatório ver que as pessoas reconhecem o nosso trabalho. Poder pisar os relvados dos grandes estádios, com grandes multidões, é o sonho de qualquer atleta. Infelizmente, há poucas ligas profissionais femininas, mas tenho esperança que o futuro será risonho.
E porquê Portugal para prosseguir a carreira?
-Ouvi muitas coisas boas sobre a Liga BPI e sei que está a crescer bastante. Tem atraído cada vez mais jogadoras de qualidade e as equipas são muito fortes e muito ambiciosas. Acredito que tomei a decisão mais correta, tanto a nível futebolístico como na minha vida social. Amo Portugal, que é um país realmente muito bonito.
Então podemos afirmar que a adaptação correu às mil maravilhas.
-A adaptação não foi tão difícil e rapidamente me senti em casa. Ainda preciso de praticar o meu português, mas está a melhorar. Gosto muito das praias, da arquitetura, das pessoas e da vida no geral.
Chegou a Portugal e à Liga BPI pela porta do Famalicão. Foi fácil aceitar o projeto do clube minhoto?
-Foi uma decisão rápida. Falei com os meus agentes, procurei saber mais acerca do clube e não hesitei em abraçar este projeto.
O Famalicão ocupa o quarto lugar da competição e chegou às meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga. Qual é a sua análise à temporada?
-Desde o primeiro dia que nos temos esforçado para honrar este emblema. No geral, penso que temos tido um bom desempenho, mas queremos mais.
A Alidou chegou, viu e venceu. Evidencia-se como uma peça-chave do plantel e soma dez golos e quatro assistências em 27 jogos. Sente que atravessa um momento favorável na carreira?
-Acho que abraçar uma nova experiência, ingressar numa nova equipa e numa nova liga não é fácil. Porém, estou cercada por um grupo incrível de meninas que me fizeram e fazem sentir bem-vinda, o que torna tudo mais fácil. Estou feliz, mas a temporada ainda não terminou.
Como se caracteriza enquanto futebolista?
-Eu diria que sou uma atleta rápida com bola. Tenho uma boa visão de jogo e jogo bem com ambos os pés. Sou uma jogadora que gosta muito de arriscar, muito competitiva e trabalhadora.
Até onde espera chegar no futebol?
-Sonho representar o Canadá num grande torneio, tal como o Campeonato do Mundo ou os Jogos Olímpicos.
A Alidou pode estar perto de cumprir o sonho, pois tem sido presença assídua na convocatória da seleção canadiana. Qual é a sua antevisão à participação do Canadá no Campeonato do Mundo deste ano?
-Temos uma equipa muito forte e que se conhece muito bem, a nossa maior arma é o coletivo. O Canadá vai ao Mundial para vencer o troféu.
Agora que vê de perto a realidade do futebol e das jogadoras portuguesas, sente que Portugal irá ter uma palavra a dizer no Mundial?
-Fiquei feliz com a qualificação de Portugal para o Campeonato do Mundo, acho que e têm qualidade para surpreender tudo e todos.
Simplicidade e magia de Zidane apaixonaram Marie-Yasmine
Quanto mais próxima estiver da baliza adversária, melhor. Alidou assumiu a batuta da sinfonia famalicense e a melodia não podia ser melhor. Os seus principais argumentos são ofensivos, com capacidade para acelerar e, ao mesmo tempo, é evoluída ao nível técnico. A canadiana apresenta boa visão periférica e facilidade em executar com ambos os pés, à semelhança do seu grande ídolo no mundo do futebol, o astro francês Zidane. "Cresci a ver o Zinédine Zidane. A execução dele era tão simples que se tornava mágica. A forma como dominava tudo à sua volta foi algo que me fascinou logo e é por isso que me identifico com o estilo dele dentro das quatro linhas", diz a canadiana.