"O futebol feminino deu um salto enorme e isso é incrível para nós, mulheres"
Joana Sousa é jogadora do Gil Vicente e também trabalha na área de marketing do clube minhoto. Em entrevista ao O JOGO, destaca o maior desejo do emblema de Barcelos: regressar ao principal escalão já este sábado.
Corpo do artigo
O Gil Vicente recebe, este sábado, dia 10, a partir das 11 horas, o Atlético Ouriense, no Campo de Futebol de Carapeços, em Barcelos, numa partida relativa à segunda mão do play-off de subida / permanência da Liga BPI. Joana Catarina Amaral Sousa, autora do golo gilista no primeiro duelo, em Ourém, revelou, em entrevista ao O JOGO, que a formação barcelense vai dar tudo para voltar a marcar presença entre os grandes do futebol feminino português. Natural de Vila Nova de Gaia, a ponta de lança, de 25 anos, que também já representou GD Incansáveis, Vila FC, AD Grijó, Ovarense e Racing Power, abordou também a evolução da modalidade ao longo dos últimos anos.
Na primeira mão do play-off de promoção / manutenção da Liga BPI, no terreno do Atlético Ouriense, apontou o golo do Gil Vicente que deixou a eliminatória totalmente em aberto (o conjunto minhoto perdeu por 2-1). O que se pode esperar para o encontro decisivo deste sábado?
- Vai ser um jogo intenso e de muitas emoções. Temos a noção disso e estamos preparadas física e psicologicamente para o desafio. Acredito que o Gil Vicente vai surpreender muita gente pela positiva.
A eliminatória irá resolver-se em Barcelos. Até que ponto esse fator pode ser importante para o desenlace da mesma?
- O fator casa é sempre muito bom. Creio que será um ponto a nosso favor, mas não acho que, por si só, vá determinar o vencedor da eliminatória.
O Gil Vicente foi despromovido à II Divisão em 2021/22. Para esta época, um dos objetivos do clube era regressar ao principal escalão do futebol feminino português?
- Esta época, delineámos objetivos passo a passo. Para começar, queríamos garantir a manutenção na II Divisão e acabámos por ser campeãs da Série Norte na primeira fase. Na segunda fase, estivemos sempre focadas em lutar pela subida ao principal escalão.
Esta temporada, como já referiu, o Gil Vicente terminou no primeiro lugar da Série Norte da II Divisão e, na fase de apuramento de campeão, foi terceiro classificado, ficando somente atrás do Racing Power, que venceu o título, e do Benfica B. Como descreve o percurso que a equipa fez?
- O segredo para um bom desempenho no início do campeonato está na pré-época. Tivemos uma excelente pré-temporada e preparámo-nos muito bem para a competição. Na primeira fase, apenas somámos uma derrota. Todavia, como em tudo na vida, há os altos e baixos. Não começámos a fase de apuramento de campeão da melhor maneira: tivemos lesões, perdemos algumas jogadoras e tudo isso fez com que os resultados negativos aparecessem. Ainda assim, conseguimos ultrapassar esses momentos menos positivos e, agora, estamos a lutar pelo regresso à Liga BPI. O nosso plantel é reduzido, mas também é bastante coeso e unido. Independentemente do desfecho, finalizarei a época com orgulho do percurso que fizemos.
Na primeira passagem pelo Gil Vicente, em 2019/20, a Joana apontou 17 tentos. Na presente época, está a viver a segunda aventura com a camisola gilista e já contabiliza quatro remates certeiros. O regresso à turma barcelense tem ido ao encontro das suas expectativas pessoais?
- Há quem diga que não devemos voltar a um lugar onde já fomos felizes. Contudo, eu voltei e sou feliz, independentemente se as minhas expectativas individuais não foram ao encontro daquilo que eu tinha planeado. Estatisticamente, esta temporada não foi a mais produtiva no aspeto pessoal, mas o meu foco é melhorar a cada dia que passa.
Jogou sempre em Portugal. Gostaria de abraçar um projeto no estrangeiro?
- Já tive oportunidade de abraçar projetos no estrangeiro, mas, talvez por receio, optei sempre por ficar no futebol português. Para mim, essa temática é sempre um dilema.
Que características a definem como jogadora?
- Sou uma jogadora simples, resistente e solidária, que coloca sempre os objetivos coletivos à frente dos individuais.
E como é a Joana fora das quatro linhas?
- A Joana é uma pessoa alegre, brincalhona, ambiciosa e amiga.
Qual é a sua maior referência no futebol?
- O meu principal ídolo no futebol é o Cristiano Ronaldo.
Está com 25 anos. Quais os sonhos que faltam cumprir na sua carreira?
- Representar a Seleção Nacional sempre foi o meu maior sonho.
Como é que analisa o crescimento exponencial do futebol feminino em Portugal nos últimos anos?
- Num curto espaço de tempo, o futebol feminino deu um salto enorme e isso é incrível para nós, mulheres. Espero que a modalidade continue em ascensão e que possa oferecer as melhores condições, a todos os níveis, às futuras atletas.
Na primeira aparição de Portugal na fase final de um Mundial - no caso, a nona edição da competição, que decorrerá entre 20 de julho e 20 de agosto, na Austrália e na Nova Zelândia -, até onde acredita que a equipa das Quinas pode chegar?
- No Europeu do ano passado, Portugal provou que é capaz de fazer frente a qualquer oponente. Nesse sentido, na minha ótica, tem legítimas aspirações de realizar uma boa campanha neste Campeonato do Mundo. Tenho a certeza de que as jogadoras lusas irão honrar o símbolo que levam ao peito.