"Nunca tive medo de nada! Do preconceito, do racismo... Sempre acreditei em mim"
Érica Gomes sempre acreditou que podia chegar longe e está em grande como goleadora do Clube Albergaria. Chegou a Portugal esta temporada, proveniente do Badajoz, e almeja ser a melhor marcadora da Liga BPI. A brasileira, de 25 anos, já marcou sete golos e fez duas assistências em 11 jogos.
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Érica Gomes é o nome do momento. A avançado brasileira, 25 anos, chegou ao Clube Albergaria após passagens bem-sucedidas por Espanha e Brasil. Começou a carreira no Vitória das Tabocas , mas foi no Napoli SC e no Iranduba que se mostrou como um talento emergente. Com 23 anos, abraçou a primeira experiência na Europa e vestiu a camisola do Getafe, pelo qual marcou sete golos em 13 jogos. Mais tarde, mudou-se para o Badajoz, clube onde deu nas vistas e assinou 13 golos em 24 jogos. Experimentou vários desportos, mas rapidamente percebeu ser no futebol que vivia a sua paixão. A jovem tem no pai a sua maior força e assume que sempre acreditou que iria "chegar longe".
Com 25 anos, a Érica já experimentou três campeonatos diferentes, e brilhou neles todos. A sua ambição faz com que queira sempre mais e aventurar-se pelo mundo?
- Só procuro manter aquilo a que me proponho. Venho de uma boa fase desde o Brasil. Rodei pelo campeonato brasileiro, depois fui para Espanha de modo a adquirir experiência e tornar-me mais jogadora, e agora atuo na Liga BPI, uma prova muito competitiva e uma das mais interessantes da Europa.
Como escolheu o Clube Albergaria para prosseguir a carreira?
- Escolhi o Clube Albergaria porque é um clube com muita tradição e muita história. Foi uma grande oportunidade e nem hesitei. O clube abre as portas para o desenvolvimento do futebol feminino e é lindo ver uma estrutura e um emblema comprometido com as jogadoras.
Em 11 jogos ao serviço do clube, marcou sete golos e desenhou duas assistências, caso para dizer que chegou, viu e venceu. Até onde espera chegar?
-O clube tornou-se numa casa para mim e assim fica mais fácil fazer o meu trabalho. A equipa demorou um pouco a entrosar-se, mas é normal. Vejo-me como uma jogadora eficaz, com um bom desenvolvimento para ajudar a equipa. O meu objetivo é ser a melhor marcadora da Liga BPI.
Falando dos primórdios da sua carreira, como surgiu a paixão pelo futebol?
- Eu era uma menina que só gostava de correr, e fiz natação, atletismo, entre outros desportos. Porém, jogava futebol no meu condomínio, pois tínhamos lá um campo. Do nada, recebi uma proposta para jogar pelo meu colégio, que participava em competições estaduais. Ganhei gosto e até me destacava das outras jogadoras. Ganhei uma bolsa de estudos e foi desde aí que comecei a apostar mais em mim e na minha carreira.
E a sua família sempre a apoiou?
- O maior incentivador foi o meu pai. Desde o dia em que ele me viu jogar com os rapazes, acreditou no meu potencial. Até hoje, ele ajuda-me bastante e é o meu suporte.
E jogar com os rapazes nunca lhe trouxe episódios menos bons, tal como ser vítima de cometários preconceituosos?
- Tive alguns, mas preferi sempre focar-me nas coisas boas. Havia rapazes que me chamavam para ir jogar com eles e isso fazia-me feliz. Dava para fazer um filme com a minha história, pois tenho a certeza de que iria inspirar muitas meninas. Nunca tive medo de nada! Do preconceito, do racismo... Sempre acreditei em mim e sempre soube que iria chegar longe no futebol. Nunca deixei de estar muito focada nos meus objetivos e em seguir o meu coração.
Se a Érica não fosse jogadora de futebol, o que gostava de ser?
- Se não fosse atleta, gostava de ser ortopedista. Gosto muito dessa área da medicina.
"Chegou a nova era do futebol feminino, uma nova geração"
O estereótipo sobre as mulheres praticantes de futebol está nitidamente a esbater-se. O crescimento da modalidade no universo feminino está a atingir níveis altíssimos: aumento de 13 por cento (no global) e com grande impacto nas seniores, que cresceram 34 por cento. Érica Gomes vê a evolução do futebol feminino mundial com muito agrado e assegura que, nos próximos tempos, o progresso será "gigante". "O futebol feminino continua em fase ascendente e há cada vez mais visibilidade e interesse em nós. Acredito que chegou a nova era do futebol feminino, uma nova geração, e isso é bom para as jogadoras e para todos os amantes da modalidade", diz a brasileira.