"Há uma grande diferença. Nós não temos os apoios que Benfica e Sporting têm"
A atravessar um momento delicado, o A-dos-Francos soma cinco derrotas em cinco jogos na Liga BPI. A defesa Rafaela Pereira, que é uma das atletas mais utilizadas, acredita que as "coisas vão melhorar".
Corpo do artigo
No ano de estreia pelo A-dos-Francos, equipa da Zona Sul, Rafaela Pereira contou a O JOGO a paixão pelo futebol e as maiores dificuldades na mudança para Leiria, após deixar o norte.
Quando é que surgiu a paixão pelo futebol?
- O meu sonho sempre foi o futebol, mas quando era mais nova não encontrava clubes para jogar. E acho que foi exatamente por isso que comecei por jogar futsal. Comecei com 13/14 anos, no Gondomar, numa equipa mista. Mas a experiência não correu nada bem. O treinador não gostava de colocar raparigas a jogar e acabei por não ter espaço. Optei por sair.
Depois dessa experiência menos positiva, quando é que encontrou o caminho para o futebol?
- Quando deixei o futsal, mudei-me para o Salgueiros, mas aí já era numa equipa feminina e essa foi a minha primeira experiência no futebol. Na altura tinha ainda idade de júnior, mas decidiram colocar-me logo na equipa de 11, a jogar com as seniores. Nessa altura senti-me muito valorizada, porque o treinador viu qualidade em mim.
No futebol já se sentiu valorizada e até foi chamada à seleção nacional. Como é que foi essa experiência?
-Depois do Salgueiros mudei-me para o Pasteleira, da II Divisão, e aí sim realizei uma grande época e foi quando surgiu a chamada à seleção sub-16. Nesse que foi até o primeiro ano da seleção feminina. Foi uma experiência incrível.
O reconhecimento continuou e estreou-se pelo Valadares no primeiro escalão. Foi uma chamada expectável?
- Não estava à espera, mas para mim foi inesquecível. A equipa tinha imensas jogadoras mais velhas e eu era uma miúda. Foi uma grande alegria e consegui retirar muitas aprendizagens.
13022605
Uma curiosidade da sua carreira é que todos os anos está num clube diferente. As adaptações são complicadas?
-É verdade, no final de cada época surgem sempre propostas de novos clubes. A adaptação às vezes demora, mas essas chamadas são sinais de reconhecimento. Já passei pelo Boavista, pelo Braga e pelo Gil Vicente.
O Gil Vicente foi a sua última equipa antes do A-dos-Francos e terminou mais cedo por causa da pandemia. O que foi mais difícil de gerir?
-Foi complicado por causa de todas as condicionantes. Foi bastante mau parar, porque não era aquilo que queríamos. Mas a passagem por lá foi muito positiva.
Depois de várias experiências no norte, surge a proposta dos A-dos-Francos. Como é que foi a mudança?
-A experiência é nova, é mais desafiadora. Atirei-me de cabeça. Nos outros clubes vinha sempre a casa, agora não. Agora estou longe e a viver sozinha. Aqui dão-me casa e um ordenado, estou a sentir-me valorizada O mais difícil são as saudades de casa e da família.
Esta época os bons resultados teimam em aparecer. Como é que se lida com uma série de resultados negativos?
-Não estamos a conseguir atingir os nossos objetivos, mas temos trabalhado para melhorar. Há uma grande diferença entre algumas equipas. Nós não temos os apoios que o Benfica e Sporting têm, por exemplo. É normal quando não conseguimos o que queremos ficarmos frustradas, mas nós somos uma equipa que nos tentamos ajudar umas às outras.