A brasileira Vitória Almeida é uma das caras novas do Famalicão, líder da Zona Norte. Com 13 golos apontados, a avançada, de 21 anos, é a melhor marcadora da prova e já foi decisiva em vários jogos
Corpo do artigo
Do Brasil até Portugal, e com passagem pela Ásia, a avançada Vitória Almeida tem corrido pelo mundo atrás do sonho do futebol, mas confessou que "as saudades são o mais difícil".
Quando descobriu a paixão pelo futebol?
- Quando eu tinha dez anos, numa viagem de férias em família, um tio meu percebeu que eu tinha um talento, que tinha uma capacidade diferente das outras pessoas. Como quase todas as atletas de futebol feminino, eu comecei pelo futsal, no Atlético Valência. Mas o verdadeiro clube que me catapultou para o futebol foi o Atlético Roraima.
O apoio da família foi sempre essencial para agarrar este sonho?
- No início foi muito complicado. Os meus pais tiveram algumas dúvidas, porque queriam que eu estudasse, e quase tive de interromper este sonho. Mas depois o tempo passou e mostrou algumas verdades. E atualmente, tenho todo o apoio de que preciso em todos os momentos.
Para além de Portugal, já jogou no Brasil, Japão e China. Como é que foram essas experiências?
- Não é fácil ter de sair do nosso país de origem para aproveitar uma oportunidade noutros países. No entanto, foram experiências que me ajudaram muito a crescer profissionalmente e pessoalmente. Estive dois anos na Ásia. É uma cultura diferente. Um quotidiano diferente. Mas eu aproveito sempre todas as oportunidades que a vida me dá.
Qual a principal dificuldade dessa experiência na Ásia?
- A cultura é muito diferente. Tive de lutar todos os dias com a questão da alimentação, por exemplo. Já nem falo da língua, porque eu sempre tive uma tradutora, mas a comida era muito diferente, foi uma luta diária. Mas é como eu digo, cada sonho requer dedicação, empenho e é claro que tinha de passar por cima destes obstáculos. O amor pelo futebol faz com que se encare qualquer obstáculo que a vida nos imponha.
Quando surgiu a proposta do Famalicão, aceitou logo?
- O convite do míster foi algo que mexeu muito comigo. Mas só depois de algum tempo é que foi concretizada a contratação.
Até ao momento já marcou 14 golos. Está a ser um começo de época perfeito?
- A verdade é que tem sido algo que requer muita dedicação e empenho. Luto muito todos os dias para atingir este patamar, mas não é fácil. Chegar é difícil, mas manter é mais difícil ainda. Mas eu acredito que não só vou manter este ritmo, como vou fazer ainda melhor e ajudar o Famalicão nos objetivos que tem.
Acredita que o Famalicão é um dos fortes candidatos à conquista do campeonato?
- Eu acredito que não só o Famalicão mas todas as equipas que entraram em prova com esse objetivo. Mas não posso negar que o Famalicão está a trabalhar todos os dias para obter resultados positivos. O Famalicão é uma grande equipa. E todos juntos vamos dar muitas alegrias aos adeptos famalicenses.
Para a carreira, que objetivos tem traçados?
- Preocupo-me todos os dias em atingir os meus objetivos pessoais. Não quero ser melhor do que ninguém, mas quero ser melhor do que eu mesma. Superar as minhas metas e alcançar os meus objetivos é o meu foco. Sonhar alto e sonhar baixo dá o mesmo trabalho. Então, prefiro sonhar alto.
"Tem sido muito complicado, não vou ao Brasil desde agosto"
Em Portugal desde o verão, Vitória Almeida está sozinha em Famalicão e longe da família, que está no Brasil. Uma situação muito complicada para avançada. "Tem sido difícil, desde que cheguei cá não voltei ao Brasil, também devido a estas condicionantes da covid-19", começou por dizer Vitória. Na ainda curta carreira, a brasileira tem enfrentado a realidade da distância. "Na verdade, toda a gente quer ter por perto as pessoas que ama. Sinto muitas saudades, mas como qualquer tipo de sonho, é um sacrifício que temos de fazer. Temos de abrir mãos de algumas coisas para conquistarmos outras", contou a brasileira.