Daniel Pacheco protagoniza um grande arranque de época no Länk Vilaverdense e quer fixar o clube na Liga BPI. São quatro vitórias em cinco jogos, e grandes exibições à mistura, para o vimaranense que está ao leme do Länk. Não hesitou em mudar-se para o Minho e vê José Mourinho como uma referência.
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Daniel Pacheco, treinador de 43 anos, abraçou, esta temporada, o projeto do Länk Vilaverdense após ter protagonizado uma grande época no Valadares. Tem levado a formação minhota a trilhar o caminho do sucesso.
O português soma quatro vitórias em cinco jogos ao leme do emblema minhoto e conta a O JOGO que pretende fazer história no futebol feminino.
Esperava um arranque de época tão fulgurante?
-Na realidade, quando saiu o sorteio da Liga BPI, sabíamos que poderíamos chegar à quinta jornada sem pontos, pois jogaríamos com Valadares, Torreense, Braga e Benfica. Conversámos isso com toda a estrutura e o comportamento do Länk Vilaverdense, na pessoa do Rui Silva e da Cátia Silva, foi fantástica, pois deu-nos toda a tranquilidade para trabalhar. Felizmente, as jogadoras abraçaram as nossas ideias de jogo e tentaram cumprir com tudo o que lhes foi pedido sempre nos limites, sendo que chegámos à terceira jornada com duas vitórias que nós valorizámos muito! Para responder à pergunta, diria que sim, pois acreditamos muito no nosso trabalho.
A verdade é que, na época de estreia em Vila Verde, o Daniel consegue quatro triunfos em cinco jogos. Qual é a principal chave deste sucesso?
-As jogadoras e a estrutura do clube, não tenho dúvidas. As atletas trabalham sempre nos limites e construíram uma família. Tentam sempre dar mais e são as principais responsáveis. Depois, toda a estrutura do Länk, pois dá todas as condições para fazermos o nosso trabalho, com uma tranquilidade única e especial e que eu prezo muito.
Como surgiu a mudança para o Länk Vilaverdense?
-A forma e o conteúdo como o Rui Silva apresentou o projeto, as ideias e os objetivos. Eu e o Ricardo Derriça Pinto, o meu empresário, saímos completamente rendidos dessa reunião, pela clarividência do que nos foi apresentado. Aceitámos sem qualquer reserva ou dúvida.
Com um plantel praticamente renovado e com 18 novas contratações, unir o grupo foi um desafio?
-Eu diria que os maiores desafios foram construir o sentimento de família no grupo e criar os laços entre elas. Depois, foi tentar com que as 24 jogadoras do plantel se identificassem com a nossa forma de ver e pensar o jogo de futebol. O primeiro objetivo foi totalmente cumprido e trabalhamos todos os dias para atingir o segundo.
O que lhe foi pedido pelo Länk Vilaverdense para esta temporada?
-O clube pediu uma época tranquila, de solidificação na Liga BPI, em que potenciássemos um plantel com muita gente jovem. É evidente que, até pela juventude do plantel e pela ambição da minha equipa técnica, tentaremos discutir os três pontos em todos os jogos, mas olhamos para além disso, para a evolução da equipa e de cada jogadora dentro do nosso processo e das nossas ideias. Esta é, na minha opinião, a Liga BPI mais forte de sempre.
Na época passada esteve em grande plano no Valadares. O que mais o marcou nesses tempos em Gaia?
-O trabalho no Valadares é algo que orgulha muito a minha equipa técnica, pois tivemos a felicidade de conseguir transformar um lote de jogadoras numa verdadeira equipa, que se expressava a uma só voz e que se entregava em cada treino e jogo de uma forma fantástica. Fomos muito felizes e deixámos ligações profundas com as jogadoras, mas o que mais me marcou foi a gala não oficial organizada pelo grupo de trabalho no final da época. Quando muita gente achava que era impossível alcançar o objetivo, atingimo-lo e todas as palavras que as jogadoras dedicaram à minha equipa técnica marcaram-me muito.
Falando um pouco do Daniel, como nasceu a paixão pelo treino e em que altura decidiu ser treinador?
-A paixão pelo treino nasce via scouting. Fiz durante alguns anos uns trabalhos de scout, por isso via muitos jogos e treinos e dei comigo a pensar: eu faria diferente. Quando fui convidado para os sub-17 do Figueiredo, de Braga, pelo meu amigo Adelino Castro, atual treinador dos seniores do clube, nem hesitei e foi amor à primeira vista.
Quais são as suas ambições a curto prazo?
-Cumprir com os objetivos do Länk, solidificar o clube na Liga BPI e potenciar talento.
E o maior sonho do Daniel Pacheco?
-Trabalhamos todos os dias para sermos melhor do que ontem e gostaria de fazer história no futebol feminino.
Como vê a evolução do futebol feminino em Portugal?
-Considero que tem havido uma evolução enorme no futebol feminino no nosso país, muito pelo trabalho realizado pela Federação Portuguesa de Futebol, mas também pelas apostas dos clubes. Contudo, acho que temos de ser ainda mais ambiciosos. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas fico feliz por sentir que há vontade de o fazer, sendo que há discussões que são prementes e necessárias. Prevejo, em cinco anos, ou se calhar antes, uma Liga BPI totalmente profissional e uma evolução na especificidade do treino de futebol para as mulheres.