Habituou-se a jogar com os irmãos, na rua e na escola, e daí nasceu a paixão pelo futebol. Aventurou-se aos 12 anos na modalidade, mas, pelo meio, Tatiana Beleza ainda experimentou o futsal.
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No Estoril há seis temporadas, a guarda-redes portuguesa mostrou-se confiante para a fase de permanência da Liga BPI, apesar das mudanças no plantel, em comparação com a época transata.
Prestes a começar a segunda fase da Liga BPI, que análise faz à época até ao momento?
- Tem sido uma época muito desafiante e de muito crescimento. Em comparação com a temporada passada, houve muitas mudanças, muitas saídas de jogadoras importantes e, consequentemente, tivemos a entrada de muitas jogadoras novas. Além disso, também houve a subida de muitas jovens à equipa principal, visto que um dos objetivos do clube passa pela aposta na formação. Podemos dizer que foi uma primeira fase de adaptação à Liga BPI, sendo que muitas das jogadoras nunca tinham estado nesta competição. Estamos a crescer enquanto grupo e equipa, e sinto que estamos cada vez mais preparadas para o que aí vem. A nível pessoal, trabalho sempre no máximo para ter sucesso em cada jogo e com isso ajudar a equipa, que é o mais importante.
O que se pode esperar do Estoril na fase de permanência?
- A segunda fase vai ser muito competitiva, tal como foi a primeira. Sabemos as dificuldades que vamos encontrar, sabemos a qualidade de todas as equipas, mas também sabemos que temos trabalhado muito para crescer e estarmos preparadas ao máximo para os jogos que vamos ter.
Relativamente ao percurso, como surgiu a sua paixão pelo futebol?
- Surgiu em pequena. Sempre que podia, jogava com os meus irmãos, na rua e na escola. Apesar de nunca ter sido algo muito sério, os meus irmãos, quando eram novos, também jogavam futebol e acho que por ser a única menina, e andar sempre atrás deles, essa paixão passou também para mim.
Em que altura começou a jogar?
- Comecei a jogar com oito anos nos Panterinhas de Gaia e depois passei para o futsal no Gervide. Em 2012, fui pela primeira vez para uma equipa feminina de futebol, que foi o Valadares, onde estive quatro anos. Em 2016 cheguei ao Estoril, clube que represento atualmente e onde cumpro a minha sexta época. Todos os clubes me marcaram de alguma forma, mas o Valadares e o Estoril têm um grande peso na minha vida e na minha carreira. Ambos me marcaram e fizeram-me crescer em diferentes fases da vida.
Até agora, que momento da carreira destaca positivamente?
- O melhor momento que vivi até agora no futebol foi quando fui chamada à Seleção Nacional de sub-19 pela primeira vez. O estágio foi no Porto e poder representar o meu país, na minha cidade, e ver os meus pais na bancada emocionados enquanto tocava o hino, foi, sem dúvida, um momento muito bonito que irei guardar para sempre na minha memória. É uma sensação única. Não existe palavras para explicar esse sentimento. É, realmente, um momento único e de muita emoção. No futuro, gostava de voltar a representar a nossa Seleção.
E o pior?
- O pior momento que já passei no futebol foi quando me lesionei. As operações, as recuperações... foram todos processos muito duros. Acho que qualquer lesão para uma atleta é sempre a pior fase, principalmente quando se trata de lesões mais complicadas e com longos períodos de recuperação.
Seguir este sonho exige muito sacrifício?
- Penso que qualquer atleta tem de se sacrificar para conseguir atingir os objetivos. Quer seja estar longe da família ou até faltar a momentos importantes devido a treinos e jogos, mas essas são situações que acho que qualquer atleta sabe que podem acontecer e que temos de estar preparados para tal. Por exemplo, na Liga BPI existem muitas atletas que trabalham ou estudam e depois, à noite, têm os treinos; acabam por se sacrificar, porque é duro e muito desgastante, mas também acredito que aquele momento de treino, à noite, é um momento de desfrutar daquilo que mais gostam de fazer.
Considera que há uma evolução no futebol feminino em Portugal?
- Está a crescer a um bom passo. Temos cada vez mais equipas a aproximarem-se do profissional. Temos equipas mais competitivas e com ótimas condições, o que faz com que exista a possibilidade de criarem dificuldades aos grandes, e isso é ótimo para a visibilidade e desenvolvimento do futebol feminino. É claro que o caminho ainda é longo, ainda existe muito para percorrer, mas nestes últimos anos acho que a Federação Portuguesa de Futebol e os clubes têm feito um excelente trabalho. Agora, há que continuar.