Angeline Da Costa: "O futebol feminino é tecnicamente mais evoluído em Portugal do que em França"
Filha de emigrantes, Angeline Da Costa, futebolista do Valadares Gaia, fez o trajeto inverso ao dos pais.
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Filha de emigrantes portugueses na zona de Toulouse, Angeline Da Costa nasceu e cresceu em França. Jogou em vários clubes daquele país, mas em 2020 optou por fazer o trajeto inverso aos antecessores, como conta a O JOGO. Em Portugal, começou por atuar no Torreense, chegando esta época ao Valadares Gaia, clube pelo qual, já este domingo, vai atuar em casa do Braga, para a primeira jornada da edição 2023/24 da Liga BPI.
Pergunta: Conte-nos um pouco do seu trajeto inicial no futebol...
Resposta: Comecei a jogar em França e fiz lá toda a minha formação. Como tinha dupla nacionalidade comecei a jogar pela seleção francesa e fui depois chamada pela seleção portuguesa de sub-23. Jogava lá e vinha cá à seleção, mas não falava português. Então decidi aproveitar a altura do covid para vir jogar para Portugal, porque em França o campeonato parou durante muito tempo e em Portugal continuou. Aproveitei para vir jogar para cá, aprender a falar português. Depois acabei por ficar e agora estou cá há três anos.
P: Em que clubes jogou em França?
R: Em vários. Estive no Rodez, Toulouse, depois no Brest, da Bretanha.
P: Os seus pais são portugueses?
R: Sim, os dois, nasceram em Portugal mas foram para França muito cedo, com dois ou três anos. E ainda estão lá na zona de Toulouse.
P: A Angeline tem cá família?
R: Sim, tenho primos da minha mãe e primos do meu pai, no norte do país. Tenho família em Braga, no Porto... Mas não estou com eles, moro numa residência do clube.
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P: Desde que chegou a Portugal, há três anos, tem notado um grande crescimento do futebol feminino em Portugal?
R: Sim, tenho notado uma grande diferença. Quando cheguei havia uma grande diferença entre os clubes de topo e os outros. Hoje em dia, não há tanta diferença. Os outros clubes desenvolveram-se imenso, em termos de condições. O crescimento foi muito rápido e fiquei muito surpreendida com isso.
P: No último Mundial houve um grande entusiasmo em Portugal, o que deu muita visibilidade ao futebol feminino. Notou diferenças depois dessa competição?
R: Creio que sim, que ajudou um pouco. Portugal teve um grande rendimento e talvez isso tenha contribuído para haver mais meninas a jogar futebol. Mas para analisarmos em termos de impacto talvez seja um pouco cedo para aferir isso.
P: E entre França e Portugal, nota grandes diferenças ao nível da qualidade do futebol feminino?
R: Quando cheguei, há três anos, notei uma grande diferença. O futebol em França era muito mais intenso, muito mais físico. Hoje em dia creio que não há tanta diferença. Aliás, até direi que tática e tecnicamente o futebol já está mais evoluído aqui do que em França.
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P: Quais as perspetivas do Valadares Gaia para este campeonato?
R: Nós, no Valadares, encaramos jogo a jogo e pensamos muito no coletivo. O que queremos é assegurar o mais rápido possível a permanência na Liga BPI e, depois disso, chegarmos ao lugar mais alto possível. Mas não temos nenhuma ambição em termos de posição final. Pensamos só jogo após jogo.
P: E quanto ao título? O Valadares tem esse sonho? E quem é o grande favorito?
R: Em relação ao título, temos que ser sinceros com nós próprios e com a realidade do clube que nós temos. Queremos muito, mas também somos humildes e vamos tentar lutar para ganhar aos melhores. Mas para ganhar o título obviamente será complicado. Quanto ao favorito, esta época não faço ideia. Há várias equipas que estão ao mesmo nível e que podem lutar pelo título.