Apostas de Schmidt na mira: "É preciso colocar os melhores nas suas posições..."
Utilização de Morato à esquerda, opção de deixar Musa no banco e substituições aos 88’ com o Moreirense merecem reparos
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O empate com o Moreirense, no primeiro jogo a zeros na Liga, custou ao Benfica a liderança na prova. Roger Schmidt apontou no final da partida a falta de eficácia como justificação para o 0-0, mas os treinadores consultados por O JOGO deixam mais reparos.
Empate a zeros na visita a Moreira de Cónegos custou a liderança na Liga às águias. Apesar das críticas, os técnicos consultados por O JOGO entendem que “é cedo” para falar em risco para o técnico
“Não foi um jogo muito bem conseguido. O Benfica teve muita bola, mas não chegou à baliza, esteve muito longe disso e não atravessa um bom momento posicional”, afirma João Manuel Pinto, enquanto Álvaro Magalhães reforça que “o Benfica não se apresenta na melhor condição”. E Roger Schmidt fica na mira. “Foi um bom líder quando chegou, mas não tem conseguido que a equipa esteja próxima daquilo que fez no último ano”, refere o antigo lateral, afirmando: “O problema é que o treinador não tem tirado o maior aproveitamento dos jogadores.” João Alves entende que “a equipa bateu-se” na visita a Moreira de Cónegos e que “não há ninguém a andar para trás”, mas reconhece que “a equipa está à procura do seu rumo”.
As decisões de Roger Schmidt diante do Moreirense merecem reparos, nomeadamente situações como a aposta em Morato a lateral esquerdo ou as opções na hora de mexer na equipa. “É preciso colocar os melhores nas suas posições. Morato é um belíssimo central, mas não tem condições para jogar a lateral esquerdo. É uma invenção”, atira Álvaro Magalhães, enquanto João Alves - ainda que sublinhe “não ter ficado agradado” com o que viu de Jurásek e realce que “sendo internacional tem de que jogar muito mais do que tem apresentado até agora” - afirma: “É preciso trabalhar com os jogadores para depois dar oportunidade. Com equipas grandes Morato pode fazer sentido, mas há outros jogos em que faz sentido outro tipo de jogador.” João Manuel Pinto vai mais longe e afirma que “o Benfica joga sem laterais”.
Justificação: o treinador da Luz explicou o 0-0 com a falta de eficácia
Depois de ter feito uma dupla mexida ao intervalo, Schmidt lançou as duas últimas armas aos 88’ (João Victor e Gonçalo Guedes). Algo criticado pelos treinadores consultados por O JOGO. “Sou totalmente contra tudo o que sejam alterações a 10’, 5’, 2’ do fim”, afirma João Alves, enquanto João Manuel Pinto e Álvaro Magalhães referem que substituições nessa altura do jogo “servem para queimar tempo”. O antigo adjunto de Giovanni Trapattoni atira que “Gonçalo Guedes pode fazer a diferença e devia ter entrado muito mais cedo”.
A permanência de Musa no banco foi também visada. “Fazia mais sentido Musa do que Arthur Cabral, que está pesado e não tem ritmo. E tinha mais lógica acrescentar mais um avançado do que simplesmente trocar um por outro”, afirma Álvaro Magalhães, algo defendido pelo antigo central: “Claro que fazia sentido entrar Musa. Quem sabe jogar até com três centrais e mais um avançado na frente para causar outros problemas.”
O empate em Moreira de Cónegos não agradou a parte dos adeptos benfiquistas presentes no estádio e a exemplo do que sucedeu em partidas anteriores voltou a existir contestação. Ainda assim, e apesar dos reparos deixados, Roger Schmidt tem margem para trabalhar. “O Benfica continua, à parte da Liga dos Campeões, com tudo em aberto. Coloca-se tudo em causa muito facilmente e não concordo com esse exagero”, afirma João Alves, enquanto Álvaro Magalhães, vendo a equipa “fragilizada” e compreendendo a “revolta” dos adeptos, considera que “é cedo para falar em margem reduzida” para o técnico alemão.
O mesmo que defende João Manuel Pinto, ainda que este aponte agora um período que diz ser “muito importante”, nomeadamente depois do jogo com o Farense, com RB Salzburgo e Braga. “É o treinador do presidente e do projeto. Mas já há assobios e desconfiança. Se o Benfica sair da Europa com o RB Salzburgo e perder com o Braga Rui Costa fica com um problema para resolver.”