Esperanza Mendoza aproveitou a paragem das provas de basquetebol para suspender a carreira na arbitragem e ajudar na luta à covid-19 como auxiliar de enfermagem. O relato do dia a dia impressiona
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Educadora Social e árbitra de basquetebol em Espanha, Esperanza Mendoza é uma das heroínas do desporto espanhol que diariamente combatem a covid-19 ao lado de médicos e enfermeiros. A espanhola, de 37 anos, decidiu colocar em prática os conhecimentos de auxiliar de enfermagem e o relato que fez ao jornal "Marca" do dia a dia no hospital onde trabalha ilustra bem as dificuldades por que passam estes profissionais.
"A realidade supera muito do que se vê na televisão. Ninguém imagina", conta Esperanza Mendoza. "O que realmente existe é brutal. É muito duro", garante a árbitra, que se assume "cansada" pelo trabalho que se disponibilizou para fazer. "Mais do que a duração dos turnos, que continuam a ser de oito horas, é a intensidade. Temos cinco minutos para ir à casa de banho durante todo o dia. Não há espaço para mais", afiança. "E com o protocolo de segurança, isso significa tirar tudo, desinfetar, ir à sanita, voltar, colocar tudo outa vez. Nem sequer pensas em beber água, porque estás com máscaras e não podes. É muito seguido. São oito horas, mas de uma intensidade que parece levas 12. Não páras", explica.
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Depois de um dia assim, o que Esperanza mais deseja é ir para casa descansar. Mas não é fácil. "Chegou sem tocar em absolutamente nada, dirijo-me à casa de banho, meto a roupa toda numa bolsa especial que à máquina lavar e tomo um duche. Mas até na hora de jantar é impossível desligar", lamenta. "Ao longo do dia estás sempre a ouvir sobre o víruas e depois na televisão também. É monotemático e afeta. É preciso informar, mas são sempre más e satura", critica.
Apesar de tudo, a árbitra de basquetebol assegura que não tem medo. A única vez que o sentiu foi depois de ter apitado um jogo na Turquia, depois de ter tido conhecimento que um jogador (Trey Thompkins) tinha testado positivo ao novo coronavírus. Agora, só teme pelos familiares mais idosos. Porque, enquanto puder, vai continuar a dar luta à Sars-cov-2.