Em causa o "tom inconveniente" do Ministério da Defesa russo.
Corpo do artigo
Roma denunciou esta sexta-feira o "tom inconveniente" do Ministério da Defesa russo que, num comunicado criticando a russofobia do diário italiano La Stampa, utilizou uma passagem da Bíblia segundo a qual "quem faz uma cova cairá nela".
Agradecendo à Rússia o envio de ajuda para a luta contra a pandemia do covid-19, os Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros italianos lamentam num comunicado conjunto "o tom inconveniente de certas expressões utilizadas pelo porta-voz do Ministério da Defesa russo e visando alguns artigos da imprensa italiana". "A liberdade de expressão e o direito de crítica são valores fundamentais no nosso país, como o direito de resposta, todos dentro dos limites da correção na substância e na forma", adianta o comunicado.
Em dois artigos recentes, o La Stampa revelava preocupação com o facto da ajuda, em pessoal e material, não dissimular veleidades de espionagem, citando fontes, incluindo governamentais, não identificadas. "Escondendo-se atrás dos ideais da liberdade de expressão e do pluralismo de opiniões, La Stampa manipula nos seus artigos notícias falsas russofobas da pior espécie da época da Guerra Fria, citando "opiniões" não claramente definidas de "fontes bem colocadas" anónimas", declarou num comunicado o porta-voz do Ministério da Defesa russo, general Igor Konashenkov, segundo o "site" da embaixada russa em Roma.
NÃO SAIA DE CASA, LEIA O JOGO NO E-PAPER. CUIDE DE SI, CUIDE DE TODOS
"Relativamente aos verdadeiros patrocinadores da campanha mediática russofoba do La Stampa, que conhecemos, aconselhamo-los a aprenderem uma velha frase sábia: "qui fodit foreveam, incidet in eam" (latim para "quem faz uma cova cairá nela")", adiantou o general.
A Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais de covid-19, com 13.915 óbitos em 115.242 casos confirmados até quinta-feira. A Rússia enviou a semana passada para a Lombardia, a província italiana mais afetada pelo novo coronavírus, uma delegação composta por 104 pessoas, incluindo médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde.
Moscovo também doou material médico à Itália, que chegou a bordo de 14 aviões carregados com máscaras, ventiladores pulmonares, roupas de proteção e camiões Kamaz para desinfetar as áreas mais contaminadas pelo vírus.
Segundo o jornal Público, o La Stampa referiu que 80% do material enviado pela Rússia "estava completamente inutilizado ou era de pouca utilidade em Itália".
O jornal italiano, indica o diário português, cita sob anonimato responsáveis do governo italiano, segundo os quais "entre a carga havia equipamento para desinfeção bacteriológica e um laboratório móvel para esterilização química e bacteriológica, mas não os ventiladores e os equipamentos pessoais de proteção que o país precisava".