No Dia Mundial da Terra, convergem dois desafios: a pandemia e o clima. O planeta está de pernas para o ar e há esperança pelo despertar de consciências.
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Pinguins a passear na Cidade do Cabo, veados a atravessarem bombas de gasolina na Polónia ou patos sem companhia em Berlim são apenas alguns exemplos de como a pandemia de covid-19 interfere com a natureza, e de como a convergência de duas crises, a pandémica e a climática, torna o 50.º aniversário do Dia Mundial da Terra mais especial.
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Este ano é considerado "crucial" no combate às alterações no clima e o bloqueio económico pode levar, segundo um estudo do Projeto Carbono Global, à emissão anual de dióxido de carbono mais baixa desde a II Guerra Mundial. No entanto, a opinião dos especialistas é unânime: mudanças temporárias não chegam, mas algumas consciências podem despertar.
A sesta da economia pode levar à emissão de dióxido de carbono mais baixa desde a II Guerra Mundial. Mas de nada servirá se o mundo não aprender várias lições para aplicar na luta pela natureza
"O impacto do coronavírus é imediato e terrível. Mas há outra emergência profunda. A perturbação do clima está a chegar a um ponto de não retorno", alerta António Guterres, secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Já a Organização Mundial de Meteorologia (WMO), ligada à ONU, considera que este descanso dado ao planeta "vai ter pouco impacto no clima". "Podemos ver como uma experiência científica. O que acontece se desligarmos tudo? Vai levar alguns governos, talvez, a repensar", analisou Lars Peter Riishojgaard.
Por outro lado, a associação ambientalista ZERO partilhou com O JOGO as ameaças e oportunidades que esta situação levanta. Entre o "justificar atrasar ou retroceder medidas fundamentais", ou o "receio de frequentar espaços públicos ou utilizar transportes coletivos", a ZERO vê espaço para uma "reflexão sobre o que é realmente essencial", e a possibilidade de "redução de deslocações e viagens", já que se repetem eventos presenciais transformados em virtuais. Também se vê o "potencial do teletrabalho" nos "ganhos de produtividade e de impacto ambiental", e a "importância de preparar a sociedade e a economia para outras crises, como a climática".