O exemplo da Noruega, o caso português e um aviso: "Não há números milagrosos"
Explicações dadas esta quinta-feira por Graça Freitas.
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A diretora-geral da Saúde defendeu esta quinta-feira que "não há um valor milagroso" do número médio de contágios causados por cada pessoa infetada com o novo coronavírus que permita, por si só, reduzir as medidas de contenção.
Em Portugal cada doente com covid-19 infeta em média uma outra pessoa, segundo informações avançadas pela Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, durante a conferência de imprensa diária da DGS sobre a situação epidemiológica da covid-19, que já provocou 629 mortos e quase 19 mil infetados.
A Noruega anunciou esta semana que vai reduzir as medidas de contenção porque a taxa de contágio está nos 0,7, ou seja, cada doente com covid-19 está a infetar em média 0,7 pessoas. Para Graça Freitas, "não há números milagrosos" e cada país segue um conjunto de critérios diferentes para decidir se aliviam as restrições.
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O número médio de pessoas que cada doente contagia (conhecido como R0) "não é o único critério que está a ser utilizado pelos diversos países", sublinhou.
A realidade demográfica, social e o sistema de saúde nacional fazem a diferença no momento de os Governos tomarem medidas. "Não há um valor milagroso. Para a Noruega foi considerado 0,7. O de Portugal está perto de 1, com pequenas variações regionais. O nosso valor atual é de cerca de 1. De 1.1 nuns sítios e um pouco abaixo de 1 noutros", afirmou a diretora-geral da Saúde.
Graça Freitas explicou que o R 0,7 da Noruega foi o valor considerado correto pelo Governo tendo em conta a população norueguesa, a cultura norueguesa e as características do Serviço de Saúde da Noruega: "Não quer dizer que seja esse o critério para os outros países", disse.
A responsável lembrou ainda a "grande vantagem" de o surto epidémico em Portugal ter começado mais tarde, com os primeiros casos a registarem-se no início de março. "Por isso, vamos acompanhando os diferentes critérios que estão a ser adotados por diferentes países para ver qual é que melhor se adapta à nossa realidade", explicou Graça Freitas.
Neste trabalho de análise, Portugal conta com um "grupo grande de cientistas, médicos clínicos e de saúde pública, que estão na gestão destas situações que estão a avaliar qual será a altura ideal para começarmos a descomprimir em relação as medidas de contenção, como poderá ser feito e quais os critérios que teremos de observar".