Situação insólita obrigou a esclarecimento: "Acreditam mais nas notícias falsas, com base em explicações sobrenaturais do que na ciência".
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Uma falsa mensagem sobre os riscos de contágio pelo novo coronavirus levou os guineenses a ficarem casa este domingo, numa altura em que as autoridades endureceram medidas de repressão para obrigar as pessoas a respeitarem o confinamento social.
Logos nas primeiras horas deste domingo circularam mensagens, pelas redes sociais, em como um recém-nascido, filho de um conhecido jornalista, teria avisado que quem saísse hoje à rua, antes das 10h00 (11h00 em Portugal continental), seria contaminado pela covid-19.
A falsa notícia foi tema de todas as conversas durante as primeiras horas deste domingo, com amigos, familiares e conhecidos em frenéticas chamadas telefónicas, com avisos para as pessoas não saírem de casa. Os jornalistas eram as principais fontes de informação, para confirmar se na verdade existiu a recomendação da criança recém-nascida e de que forma poderia ocorrer um hipotético contágio.
A porta-voz Aissatu Djaló do Comité Operacional de Emergência em Saúde (COES), estrutura criada pelas autoridades para lidar com o novo coronavírus na Guiné-Bissau, lamentou o sucedido, afirmando que os guineenses acreditam mais em notícias falsas do que na ciência.
"Infelizmente, desde a madrugada de hoje está a circular de boca a boca a falsa notícia de que nasceu uma criança mensageira no Hospital Nacional Simão Mendes, trazendo a seguinte notícia: 'fiquem em casa e não abram a porta da casa até às 10h00'", e que depois de ter anunciado a tal nova, morreu", escreveu na sua página de Facebook Aissatu Djaló.
A porta-voz do COES observou ainda que os guineenses "acreditam mais nas notícias falsas, com base em explicações sobrenaturais do que na ciência". "O que é verdade é que existe coronavírus no país e as pessoas devem respeitar as recomendações" da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde Pública, sublinhou a responsável.
Em cumprimento da medida de confinamento social, a polícia e a Guarda Nacional estão nas ruas de Bissau e nas cidades do interior, recorrendo às vezes à força para obrigar as pessoas a ficarem casa. Até ao momento, a Guiné-Bissau tem registados 18 casos de infeção pelo novo coronavírus e 37 pessoas estão em análise por suspeitas de estarem também infetadas.
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