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Os feitos dos Guerreiros do Minho sob o comando de Leonardo Jardim tinham uma marca de invencibilidade. Em seis jogos para a Liga ZON Sagres a liderança fruto de quatro vitórias e dois empates, e na UEFA, após mais três jogos sob a batuta do técnico madeirense, havia já quem olhasse para a Pedreira de Braga como palco mitificador de futuras glórias, espaço sagrado onde o Braga não sofria golos há 49 semanas, mais precisamente desde 19 de Outubro, com vitória sobre o Partizan. Para culminar, a Pedreira reclamava um sacrifício, a vitória 100, e as vítimas até já tinham nome: o Brugge.
Jardim apostou na surpresa Mossoró para o meio-campo, mantendo Hélder Barbosa, melhor marcador do Braga na Liga Europa, encostado a uma das faixas e resguardando Nuno Gomes do poder de choque dos centrais belgas, ficando o avançado no banco.
Os primeiros 45 minutos foram disputados a um ritmo pausado, mas com o Braga a mandar no jogo e a criar várias oportunidades. Hugo Viana assumiu a batuta do jogo ofensivo, bem secundado por Alan, Lima e pelo lateral Baiano.
O futebol bracarense apostava em transições rápidas e em toques curtos mas sempre em progressão, retirando sucessivamente dos lances Odjidja, um belíssimo jogador, e o criativo Vasquez.
Criada a fórmula que dava vantagem ao Braga no meio-campo, o futebol bracarense passou por um largo período de domínio, valendo ao Brugge a noite desastrada dos avançados do adversário e a incrível falta de pontaria de Mossoró, que só à sua conta desperdiçou um par de golos cantados.
O último terço da primeira parte, que coincidiu com a saída por lesão do atacante Vleminckx, foi dominado pelo virtuosismo técnico e pelas constantes variações de flanco que deixaram a defesa belga com problemas nos rins. O Brugge recuou no terreno, tentando retirar espaços às constantes diagonais de Alan e obstando os passes a rasgar de Hugo Viana.
Os segundos 45 minutos mostraram um Braga com um processo de jogo mais rápido chegando, com justiça, ao golo, num lance de futebol envolvente.
A experiência dos belgas conseguiu esconder o toque do golo, com o todo-terreno Odjidja a ligar o futebol do Brugge, mas pouco perturbando o último reduto bracarense, que sonhava com a centésima vitória no Estádio AXA e com o prolongar da imbatibilidade caseira, em jogos da UEFA. O Braga estava a 19 minutos de cumprir o sonho, quando uma série de acontecimentos negativos quebrou a equipa e terá, inclusive, retirado alguma capacidade de discernimento a Leonardo Jardim.
A equipa acusou o toque do golo sofrido em falta e mal validado, com a equipa em perda anímica e física, Jardim foi corajoso e apostou todas as fichas na vitória, retirando o dique Djamal e colocando mais um avançado, Carlão.
Honra seja feita ao Braga e ao seu treinador, que jogou sem complexos e assumiu o estatuto de favorito, mas nem sempre as cavalgadas desenfreadas são sinónimo de triunfo. Jardim apalpou mal o pulso à sua equipa, e também ao adversário, e acabou por sair tosquiado. Injustamente diga-se, pois o Braga foi superior durante largos períodos do jogo e merecia mais um resultado final consentâneo com as oportunidades esbanjadas.
Arbitragem
Erro comprometedor
Tommy Skjerven apenas teve um erro durante os 90 minutos, mas influenciador do resultado final, ao não castigar com livre directo um empurrão pelas costas de Akpala ao defesa-central Paulo Vinícus. Do lance resultou o golo do empate do Brugge. Foi bem auxiliado na avaliação dos lances de fora-de-jogo, e contou com a ajuda dos jogadores, num jogo de correcção extrema.