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Decorria o minuto 57 e o Benfica vencia por dois o Madeira SAD, na final da Taça de Portugal, quando o guarda-redes Ricardo Candeias negou o golo aos insulares, numa altura em que os lisboetas actuavam com menos um. Vucicevic aumentou a diferença, e, na resposta, outro benfiquista foi excluído, mas Candeias voltou a fazer a diferença, defendendo um livre de sete metros. Um minuto diabólico, fundamental para os pupilos de José António Silva arrecadarem o troféu.
Não obstante este protagonismo, Ricardo Candeias recusa ser a figura da final de Tavira, preferindo dividir o mérito. "Quem ganha o jogo é sempre a equipa. O contributo do guarda-redes é tão importante como o de um colega que intercepta um passe ou de um outro que marca golo", sustenta o internacional português, natural de Évora, que antes de chegar à Luz já brilhara nas redes do Belenenses e do FC Porto.
Candeias fez 31 anos no domingo, duplicando uma satisfação de todo natural, quer pelo significado da conquista quer pelo possibilitar de terminar a época em grande. "Ganhar todas as provas é que seria excelente... mas face à carga de jogos que tivemos acho que é um bom prémio", diz o guarda-redes, aludindo aos triunfos na Supertaça e agora na Taça e aos desempenhos no campeonato (fora do pódio) e na Taça Challenge (finalista).
Com uma eficácia de 43% na final (nove defesas e 12 golos sofridos), Ricardo Candeias considera-se simplesmente "um jogador útil", num colectivo onde "não há titulares". "Os guarda-redes do Benfica, aliás, mereciam um pouco mais de respeito", sublinha, face a algumas críticas que foram feitas durante a época e com as quais não concorda. O outro guardião, João Ferreirinho (35%, sete defesas e 13 golos), foi igualmente utilizado pelo treinador frente ao Madeira SAD.
José António Silva
"Excelentes actuações"
"Têm de jogar mais vezes no Algarve". José António Silva, o treinador benfiquista, acena com a cabeça e sorri à "provocação" da reportagem de O JOGO. É que os encarnados arrecadaram os dois troféus da época no Algarve, primeiro a Supertaça, em Janeiro (Portimão), e agora a Taça de Portugal (Tavira). José António Silva considerou que a equipa fechou com chave de ouro a época e que teve "excelentes actuações em muitos jogos", nomeadamente na segunda parte da final com o Madeira SAD. "Estivemos bem a todos os níveis", frisou, deveras satisfeito com os triunfos sobre o FC Porto e depois sobre os insulares, na quase épica reconquista de uma taça que há 24 anos escapava à turma da Luz.