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A proposta da Federação Portuguesa de Voleibol para a alteração dos quadros competitivos, que hoje será discutida e votada em assembleia geral extraordinária, não gera consenso e corre mesmo o risco de ser chumbada. Em causa estão muitas dúvidas levantadas quanto à sua exequibilidade, para além de algumas queixas de falta de discussão entre os intervenientes da modalidade.
"Se nos propuserem ou esta proposta ou nenhuma, votamos contra. Mas se quiserem discutir e, eventualmente, reformular alguns pontos, estamos disponíveis", avisou Rui Resende, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Voleibol, que tem direito a quatro votos, tantos como os árbitros, que devem, contudo, votar a favor, até porque têm uma proposta para o aumento em cinco anos da idade da reforma (Arnaldo Rocha é o único que será abrangido para já pela medida, se ela for aprovada).
Entre as associações, com três votos cada, Porto e Lisboa também parecem pouco convencidas. No entanto, as ilhas e as restantes associações poderão estar do lado federativo.
As opiniões, pelo que ouviu O JOGO, dividem-se. Os treinadores entendem que, na formação, será "impossível pôr novo modelo em prática", apesar de o considerarem "positivo". "Mas não há campos para tantos jogos", explica Rui Resende. "E aumenta os custos ao criar mais uma categoria, o que implica mais treinadores e deslocações", diz. Mas há pontos positivos, nomeadamente, o facto de "premiar a regularidade".
Alterações na pontuação levantam dúvidas
Positivo, mas noutros moldes - é isso que vários treinadores e jogadores dizem do novo sistema de pontuação proposto no documento de 52 páginas que hoje a Federação Portuguesa de Voleibol coloca a votos. Três pontos para quem vença jogos por 3-0, dois para quem vencer por 3-1 ou 3-2, e um ponto para quem perder nestes dois casos. "Tive essa experiência em Itália e ajuda a aumentar a competitividade e a luta por um jogo até ao fim", explica Miguel Maia. Em outros países, no entanto, só há divisão de pontos nos jogos decididos na negra (3-2).
Dúvidas
A proposta tem algumas coisas positivas mas, genericamente, temos dúvidas quanto à sua aplicabilidade. Esperamos um maior esclarecimento
Rui Resende, presidente ANTV
Negativo
Acho que o processo foi negativo. É como sair agora um coelho da cartola. É muito em cima do início da época para se estar a discutir alterações de monta. Os projectos já estão delineados
Hugo Silva, treinador Vilacondense
Regularidade
Tem aspectos positivos e premeia a regularidade. Mas não concordo com o sistema de pontuação tal como está
Nuno Coelho, treinador Vit. Guimarães
Alternativa
A pontuação, a ser assim, não vai dar possibilidades de grande risco. As equipas grandes acabam sempre por sofrer um set. Devia haver divisão de pontos apenas com 3-2
Miguel Maia, jogador Sp. Espinho