Já não é só o clima que marca pontos na escolha das equipas estrangeiras. Os resorts criaram estruturas próprias e a qualidade das condições logísticas e de segurança justificam as reservas feitas com um ano de antecedência. Uma comitiva de 40 pessoas paga uma média de cinco ou seis mil euros/dia
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Durante os meses de janeiro e fevereiro, de forma ininterrupta, as principais unidades hoteleiras do Algarve dotadas de instalações desportivas albergam equipas de futebol, sobretudo do Centro e Norte da Europa, um fenómeno que não é de hoje, mas que, nos últimos anos, se tem intensificado.
Para lá do clima aprazível, que contrasta com as temperaturas negativas da Alemanha, Rússia, Holanda e Escandinávia, sobram agora as condições logísticas e de segurança oferecidas aos clubes que vêm efetuar estágios, numa altura em que os campeonatos dos seus países sofrem interregnos.
"Os resorts criaram estruturas próprias, com campos relvados privados, propiciando às equipas em estágio um conjunto de condições excelentes, em que, num raio de poucos metros, nem precisam de sair do hotel para disporem dos locais para os seus treinos, incluindo ginásios e outras valências", explica João Peres, um agente habituado há longos anos a lidar com este tipo de oferta. Os preços são razoáveis, mais baratos, por exemplo, que os praticados no Dubai. "Temos muita qualidade. Na Turquia, os preços também são competitivos, mas a instabilidade política e social leva muitos clubes a optar por Portugal e pelo Algarve em particular", adianta o rosto da "João Peres Sport".
Bayer Leverkusen, Wolfsburg, Leipzig, Estugarda, Colónia, Lokomotiv Moscovo, Zenit, Dínamo Zagreb, Ajax, Excelsior e Shakthar, entre muitos outros, são alguns dos clubes que têm marcado presença, nas últimas épocas, em complexos que vão de Vila Real de Santo António ao Cascade de Lagos, passando pela Colina Verde, Vale de Lobo, Vale do Garrão, Albufeira, Vilamoura e Amendoeiras. "Vamos dispor de mais duas ou três unidades do género, a curto prazo. A procura é enorme e há reservas feitas com um ano de antecedência", garante João Peres. Curiosamente, algumas daquelas equipas eram ou são dirigidas por treinadores portugueses, casos de José Couceiro, Lito Vidigal, André Villas-Boas e Paulo Fonseca, que chega este mês, com o Shakhtar Donetsk.
Num hotel de quatro ou cinco estrelas, um clube com uma comitiva de 40 pessoas - o número habitual nestes estágios - paga uma média de cinco ou seis mil euros/dia. A estadia, que pode ir aos dez dias, prolonga-se pelo menos por uma semana. "Oferecemos condições únicas, que vão desde os dois campos FIFA até a um ginásio com tecnologia de ponta, um SPA e até um chefe de cozinha com enorme experiência na área do futebol. Tudo operacional num raio de 50 metros", conta João Casimiro, o "manager" do marketing do Cascade de Lagos. A unidade apadrinhada por Sven-Goran Eriksson recebe cinco equipas nos dois primeiros meses deste ano e aquele responsável confirma que "o futebol é um dos mercados estratégicos" do resort. A oferta em termos desportivos, porém, não fica por aqui, já que a aposta estende-se a "eventos de saúde e bem-estar" e contempla conjuntos e academias de outras modalidades.