Ao contrário do pai, Francisco, filho do selecionador de hóquei em patins, Luís Sénica, preferiu os pontapés na bola e é o trinco dos juniores do Belenenses
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Há vários casos no desporto de filhos que seguiram as pisadas do pai, mas é raro ver uma família que se distingue em mais do que uma modalidade. Com um nome já imortalizado no hóquei em patins, graças às conquistas do atual selecionador nacional, os Sénica começam também a dar cartas no futebol, por Francisco, o filho mais do novo e Luís Sénica. Este jovem trinco, de 18 anos, ainda tentou seguir as pisadas do pai, iniciando-se na patinagem, só que cedo decidiu que preferia dar pontapés na bola do que deslizar em cima dos patins. Agora, é um dos titulares indiscutíveis da equipa de juniores do Belenenses, que ocupa o terceiro lugar no Campeonato Nacional.
"Depois de a minha irmã deixar a patinagem, os meus amigos do infantário convenceram-me a ir para o futebol. Cheguei um dia a casa e disse que a baliza de hóquei era muito pequena e que queria mudar. Voltei a tentar mais tarde, mas não pegou, e vi que era melhor deixar o hóquei só para o meu pai", conta o médio, a O JOGO, ele que diz lembrar-se do pai como hoquista. "Quando o Francisco nasceu, eu estava a acabar a carreira no Sesimbra, duvido que ele se lembre de mim a jogar. A irmã dele, a Catarina, sim, agora o Francisco talvez só por brincadeira nos veteranos", realça Luís Sénica. Flexível no que diz respeito ao desporto, o selecionador nacional de hóquei em patins não ficou triste com a escolha do filho, nem o demoveu. "O que me faria confusão era se ele não praticasse desporto", esclarece.
Com a bênção paternal, Francisco começou a dar os primeiros pontapés no Sesimbra, vila de onde os Sénica são naturais. Mudou-se para o V. Setúbal, onde esteve uma época como iniciado e duas como juvenil, e, chegado aos juniores, optou pelo Belenenses. "Já me tinham contactado no ano passado, mas os treinos eram tarde e não dava para conciliar com a escola. Fiquei, por isso, mais um ano no Vitória. Voltaram a abordar-me e vi que era a escolha certa", recorda o trinco, que demora mais de uma hora a chegar a Lisboa, apanhando dois autocarros e um comboio: "Aqui ele tem mais amplitude de transportes. Em Setúbal, estava dependente de mim ou da mãe", sublinha o pai.
Apesar de as funções na Federação Portuguesa de Patinagem lhe ocuparem muito tempo, Luís Sénica raramente falha uma partida do filho, seja no Restelo ou em qualquer outro campo. "Sempre que posso, sigo a equipa e tento conciliar a minha atividade profissional com os jogos do Francisco. Por exemplo, se o Belenenses for ao Norte, procuro marcar alguma reunião ou observar um encontro de hóquei em patins. Penso que é importante o apoio da família e ele sabe que estamos cá para o ajudar", garante.