Chega esta semana a Portugal a primeira sala de jogos de realidade virtual do país. A Zero Latency tem mais de 200 mil jogadores por todo o mundo e promete uma experiência, no mínimo, intensa que O JOGO foi experimentar.
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As salas de jogos estavam na moda dos anos 80 e 90. Máquinas coloridas de jogos de plataformas, de automóveis ou de tiros faziam as delícias de miúdos e graúdos, num ambiente colorido e atarefado. Completamente diferente das salas de jogos que o futuro reserva.
Para quem chega a esta nova sala de jogo, é impossível não estranhar o espaço. A zona de ação é escura e despida de qualquer adereço. No chão estão umas linhas, discretas mas essenciais para o que vai acontecer. Cada jogador leva consigo uma mochila, com um computador potente, e uma arma de plástico na mão. Mas é quando coloca na cabeça os óculos de realidade virtual que tudo acontece. A sala preta e vazia enche-se subitamente de adereços, paredes, barreiras e, daí a uns minutos, de inimigos.
A fugir de uma morte temporária
A Zero Latency abre as portas ao público esta segunda-feira no centro comercial Dolce Vita Tejo, à entrada de Lisboa, e traz até Portugal um conceito com provas dadas a nível internacional e que já atraiu 200 mil jogadores. "É uma atividade de realidade virtual, sem fios, multijogador, e num espaço aberto em que podemos jogar com amigos ou apenas com outras pessoas que encontramos no local. O conceito nasceu em Melbourne, na Austrália, há cerca de dois anos. Para dar ideia do nosso sucesso, no início deste ano tínhamos apenas dois centros e abrimos, agora em Lisboa, o 17.º centro, e vamos chegar aos 20 até ao final do ano. Em 2018 esperamos dobrar esse número", destaca Alberto Marcos, business development manager da Zero Latency para a Europa.
Antes de começar a jogar, cada participante tem de se submeter a um briefing onde lhe é explicado tudo o que vai acontecer. Desde o funcionamento da arma até instruções de segurança. Não chocar com as paredes ou pilares, ou contra outros jogadores, é essencial para a segurança de todos e o sistema tem avisos de proximidade para qualquer destas situações. Colocar o equipamento é o passo seguinte e os procedimentos são tantos que quase parece que estamos a colocar o paraquedas para saltar de um avião. Mas é quando se entra para a tal sala vazia que tudo acontece.
À frente dos nossos olhos surge um admirável mundo novo, criado pela equipa de design da empresa, que já concebeu quatro experiências e tem mais a caminho. Para já, em Lisboa, estará disponível apenas a "Zombie Survival", chegando uma nova a cada três meses, que será adicionada à que já existe.
E é com zombies que temos de lidar nesta primeira fase. Numa equipa que pode ir até seis jogadores, todos lutam pelo mesmo objetivo: matar o máximo de zombies possível e aguentar o forte até que chegue ajuda para a retirada. Nas mãos temos a arma, com quatro modos de disparo, e o jogo vai evoluindo à medida que o tempo passa. Nos primeiros minutos, resistir aos zombies até é relativamente fácil, mas eles depressa se tornam mais agressivos e rápidos. O cérebro esquece-se de que estamos numa sala vazia, e segura, e leva-nos a querer fugir daquela invasão. A vantagem está em que a morte é temporária e, caso os zombies levem a melhor, poucos segundos depois já estamos prontos para mais uma sessão de tiros.
O mundo em menos de um segundo
Para quem está de fora, tudo é estranho. São seis figuras, de olhos tapados e armas na mão, que apontam ao invisível. O segredo está nas 72 câmaras espalhadas pela sala, que fazem o mapeamento dos jogadores recorrendo às linhas no chão, mas também das pequenas bolas brancas colocadas nas armas e no equipamento dos jogadores. "Funcionam da mesma forma que as pequenas bolas que vemos colocadas nos jogadores de futebol quando participam no desenho de uma nova versão de um jogo de consola. As 72 câmaras recolhem a informação dos movimentos e enviam-na para os nossos servidores, que depois a reenviam para a mochila e para os óculos de realidade virtual. Tudo numa fração de segundo", explica Alberto Marcos.
A Zero Latency chega a Portugal com um investimento de um milhão de euros e para já fica-se por Lisboa. "Funcionamos em grandes cidades, como Tóquio, Las Vegas, Orlando ou Madrid. Agora chegamos a Lisboa e precisamos de tempo para ver como corre antes de pensarmos noutras cidades por Portugal", sublinha o CEO da empresa.
Para os jogadores, a sala de jogo reserva novidades constantes, quer a nível de conteúdos quer a nível de funcionalidades. São já quatro os jogos desenvolvidos, que vão chegar a Lisboa por fases, e nem todos precisam de armas. "No jogo "Engineerium", não há tiros nem mortos. É um ambiente com uma gravidade diferente, mais suave, desenhado para toda a família. Será uma experiência diferente", lembra Alberto Marcos. Para breve está prometida a possibilidade do jogo se desenrolar em PvP, ou seja, os jogadores, em vez de jogarem em equipa, jogam uns contra os outros, numa competição aguerrida entre amigos. E quem nunca se imaginou a dar uns tiros naquele velho amigo e depois sair para beber um copo?