FORA DE JOGO - Entrevista a Sofia Oliveira, do canal 11.
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Ser direta, objetiva, destemida, serão "defeitos" de Sofia Oliveira, uma cara bonita do Canal 11, que gosta de respirar futebol e falar dele com paixão e conhecimento. Afinal, o gosto vem-lhe de pequenina. Dos muitos trabalhos que fez, claro que temos de destacar as conversas com o professor Jesualdo Ferreira, onde muito se aprendeu...
"Ao contrário do que se possa pensar, com o professor Jesualdo Ferreira aprendi mais sobre a vida do que sobre o futebol. Fiz um amigo de verdade"
Já se percebeu que gostas muito de futebol. Porquê o futebol e não, sei lá, o bilhar às três tabelas, por exemplo?
Por acaso, o bilhar às três tabelas não, mas jogo bilhar bola-8 desde pequenina e adoro - além de ter muito jeito. O futebol também entrou na minha vida muito cedo, pela mão do meu avô paterno. A análise futebolística surgiu muito mais para a frente. Tenho mesmo de separar os dois momentos, porque o segundo alterou-me de forma pronunciada.
Em pequenina jogavas só futebol ou brincavas com uma Barbie?
As duas coisas. Jogava futebol no recreio e tinha uma invejável coleção de Barbies. Mas eu gostava mesmo era de fazer puzzles e de comer gomas.
Quando é que decidiste este caminho do jornalismo desportivo?
O jornalismo, desde sempre. Nunca respondi outra coisa à pergunta "o que é que queres ser quando fores grande?". Foi sempre, sempre, jornalismo. Lembro-me de querer entrar na televisão, quando era pequenina. Olhava para os pivôs e creio que o que me começou por encantar foi o poder que lhes reconhecia, o de poderem falar para tanta, tanta gente, naquele período. Acrescentei-lhe o adjetivo "desportivo" naturalmente, dada a força que a área ganhou no meu quotidiano.
Foste protagonista involuntária de alegado machismo no futebol. Há machismo no futebol?
Claro. O futebol é parte integrante da sociedade e nele refletem-se as características da sociedade em que vives. As boas e as más. Continuo sem ter a certeza do motivo que originou esse episódio, ou seja, não sei se foi machismo, porque não conheço a pessoa e nunca procurei perceber as suas motivações.
Há quem diga que és sportinguista. És?
"Há quem diga"... (risos). É tão estranho falarmos desta forma de uma simples simpatia clubística - eu percebo. Parece que estamos prestes a revelar a cor das nossas cuecas aos cinco anos de idade. Sim, sou sportinguista.
Achas que o Sporting vai ter o desplante de voltar a ganhar o campeonato?
Acho que o Benfica será campeão, essa é a minha aposta e já o ano passado foi a minha aposta. O plantel do Benfica é incomparavelmente superior aos de Sporting e FC Porto.
Sentes-te sempre à vontade quando estás, como tantas vezes, num painel de discussão só com homens? Não achas que está na hora de haver paridade?
Para mim, a hora é a da competência, independentemente do género. Oh pá, eu costumo ir buscar esta analogia quando me perguntam se me sinto à vontade a discutir só com homens, porque me faz lembrar os comentadores que sentem calafrios quando as equipas começam a construir apoiado, desde trás. Elas treinam para aquilo, portanto, estão mais preparadas para aquilo do que para outra coisa qualquer. No meu caso, é igual. Eu estudo e preparo-me para ali estar, por isso, é-me completamente indiferente se discuto com homens ou mulheres. Quanto à paridade, desejo que surjam - e elas estão aí a aparecer - cada vez mais mulheres sem medo de ocuparem aquele lugar.
As tuas conversas com o professor Jesualdo Ferreira foram um sucesso. Aprendeste muito com ele?
(sorriso) Sim. Mas, ao contrário do que se possa pensar, aprendi muito mais sobre a vida do que sobre futebol. Fiz um amigo, de verdade. "Ganhei o programa" quando quem o conhecia há muitos, muitos anos, me disse: "Mostraste-nos o Jesualdo que pouca gente conhecia". Eu não fiz absolutamente nada para que tal acontecesse. Foi um sucesso derivado de duas personalidades que casaram muito bem.
Já foste aliciada para mudar de clube. A janela de transferências está quase a fechar...
Já fui aliciada para mudar de clube e estou confortável onde estou. Já que falas de futebol, digo-te: em Portugal, o Canal 11 é o melhor contexto para as minhas características.
Nunca pensaste noutra profissão, sei lá, advogada, modelo, atriz?
Fotógrafa. Sou apaixonada por fotografia e quero aprender - não sei se profissionalizar-me, mas adquirir conhecimento nessa área.
Tens uma voz muito bonita. Já pensaste em fazer rádio?
Por acaso, não me reconheço essa virtude na voz. Obrigada. Adorava fazer rádio e adoro o fenómeno, porque a rádio sempre estimulou muito a minha criatividade/imaginação. Um bocadinho à imagem dos livros. É aquela ideia de termos de montar cenários, porque não temos a perceção total do outro lado.
És uma pessoa feliz?
Não temos carateres para que possa responder de uma forma completa. Dentro do contexto, sinto-me uma privilegiada.