Presidente da UEFA quer acabar com os passes de jogadores partilhados com terceiros, uma das soluções dos clubes nacionais para concorrer com os mais ricos, sobretudo via fundos de investimento
A UEFA avançará para a proibição da partilha de passes de futebolistas, num ataque aos fundos tão utilizados pelos principais clubes portugueses. A decisão, já proposta pelo presidente Michel Platini, foi hoje aprovada na reunião do Comité Executivo que decorreu em Lausanne, na Suíça.
Até esta quinta-feira, o tema vinha deixando de ser objeto de debate ao nível dos gabinetes e começara a surgir em termos de discussão pública. As primeiras pistas sobre a sua entrada em cena surgiram com um comunicado do Comité de Futebol da FIFA, entidade que integra ex-jogadores como Pelé e que, apesar da opinião contrária à partilha de passes, não tem carácter vinculativo. Mas acabou por servir de pretexto para Michel Platini resolver fazer do assunto uma bandeira pessoal e iniciar uma cruzada em nome do que qualifica como transparência.
Esta transparência que reclama o presidente da UEFA significa, na prática, um ataque a uma das formas de financiamento que clubes, como os portugueses, encontraram nos últimos anos e que, caso venha a ser proibida, claramente coloca em causa não só a competitividade internacional de emblemas como FC Porto, Benfica ou Sporting mas também a própria qualidade das competições internas e, em última análise, a própria vida desses emblemas tal como a conhecemos.
Desde logo porque acabar com a partilha dos passes dos jogadores afetará, neste momento, nada menos do que 37 jogadores dos plantéis dos três grandes, grosso modo metade desses mesmos plantéis! Mas acabaria por afetar o funcionamento dos clubes sob outras formas - desde a possibilidade de continuar a contratar promessas de mercados como o sul-americano, a meias com financiadores, e depois acrescentar-lhes valor e transferi-los, naquela que é uma das formas que - sobretudo FC Porto e Benfica - encontraram para conseguir significativos encaixes financeiros.
Para se perceber, a nível nacional, a dimensão daquilo que está em causa e que o CIES Observatório do Futebol Europeu calcula estender-se a cerca de mil jogadores ou 15% do total em solo europeu, é melhor recorrer a exemplos: James não estaria neste momento no FC Porto, que detém 55% dos seus direitos económicos, da mesma forma que Hulk não teria maravilhado plateias e ajudado os dragões a conquistar dez títulos.
Do mesmo modo, o Benfica não contaria com titulares indiscutíveis como Maxi Pereira ou Garay, nem o Sporting com Van Wolfswinkel ou Schaars, de quem possui percentagens dos passes que nem chegam aos 50%...