Carlos Alcaraz e Jannik Sinner voltam a ser cabeças de cartaz em 2026, tal como foram no último ano, e não se perfilam concorrentes na luta pela liderança mundial
Nos últimos 50 anos, ficaram famosas as rivalidades entre Borg e McEnroe, Sampras e Agassi, Federer e Nadal, e este e Djokovic, estando agora a ser vivenciada a oferecida pelo espanhol Carlos Alcaraz, de 22 anos, e o italiano Jannik Sinner, um ano mais velho.
Uma concorrência que se tornou moda no final deste último quarto de século e que não deverá ser alvo de qualquer intromissão. O equilíbrio tem sido a nota patente nos duelos, todos eles tão semelhantes na suprema intensidade e tão distintos no desafio mental. Os atuais melhores do mundo já se defrontaram 16 vezes, e o murciano ganhou dez, mas nas últimas oito etapas do Grand Slam, em 2024 e 2025, Carlitos venceu quatro e Jannik outras quatro. As três finais anteriores foram entre ambos. Alcaraz impôs-se em Roland Garros e US Open, Sinner em Wimbledon. Todo o encanto à volta dos desafios entre o moreno de El Palmar e o loiro de San Cándido advém sobretudo da postura guerreira do espanhol, cujas variações de ritmo e jogo explosivo levam a recordar Nadal. O italiano impressiona pela regularidade dos golpes (sempre) a altíssima intensidade, num jogo mais propício ao erro milimétrico, quando a precisão é menos cirúrgica.
Outro atrativo envolto neste novo duelo é a exposição da evolução do ténis masculino, numa transição bastante doce daquilo que foi a era do Big-3. Esta rivalidade italo-hispânica surgiu no momento certo e assenta num equilíbrio raro, a meio caminho entre o instinto puro e a tática glacial.Face a um calendário cada vez mais denso, onde a recuperação e a disponibilidade mental são chave, este confronto é também simbólico, encarnando o futuro modelo de tenista.
Alcaraz fala de evolução conjunta
Depois de fechar o ano como número um, apesar de perder para Sinner nas ATP Finals, Alcaraz deixou claro: "As rivalidades são um poderoso motor que alimenta o interesse dos adeptos. Durante a minha infância, fui muito inspirado pela rivalidade entre Federer e Nadal. Esta saudável rivalidade, criada com o Sinner, leva-nos a poder continuar a evoluir juntos".
Sinner é o molho da pasta italiana
"O próximo Sinner precisa de observar Sinner", diz Angelo Binaghi, presidente da Federação Italiana de Ténis. A frase tem várias interpretações e o dirigente aponta uma: "Hoje, em Itália, o ténis é um grande concorrente do futebol. A final Sinner-Alcaraz, em Turim, teve uma audiência sem precedentes e é o encontro de ténis mais visto da nossa história, com 6,7 milhões de espectadores".