Futebol

Vitória de Setúbal nega dívida de 13 milhões de euros à Sociedade Importantealtura

Vitória FC

O Vitória de Setúbal (Vitória Futebol Clube - VFC) revelou esta segunda-feira que os créditos reclamados pela Sociedade Importantealtura à Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do clube sadino "não foram reconhecidos no âmbito da insolvência e liquidação da SAD"

Em causa está uma alegada dívida de 13,6 milhões de euros da SAD do VFC à Sociedade Importantealtura, relacionada com um acordo, celebrado em junho de 2021, de cedência de 89% das ações da SAD por um euro e o desenvolvimento de projetos imobiliários.

Em troca, a Sociedade Importantealtura comprometia-se a assumir cerca de 63 milhões de euros de passivos.

A direção do VFC alega que a relação com a referida empresa vinculava apenas a SAD e que os valores reclamados pela Importantealtura não foram reconhecidos no âmbito da insolvência e liquidação da SAD, pelo que a referida sociedade nada tem a receber da massa falida daquela entidade ou do VFC.

A tomada de posição do clube sadino surge na sequência de uma notícia do jornal Público, sobre o alegado incumprimento das contrapartidas pela Importantealtura, em que são ainda levantadas suspeitas sobre os negócios realizados com 65 lotes de terrenos urbanos doados pelo município ao VFC em 27 de julho de 2020.

O antigo presidente do VFC Carlos Silva afirma no mesmo jornal que a dívida de 13,6 milhões de euros reclamada pela Importantealtura "nunca poderia existir", imputando ao acionista o incumprimento dos compromissos assumidos, nomeadamente a assunção dos 63 milhões de euros de passivos.

Quando foi celebrado o acordo com a Importantealtura, o Vitória de Setúbal atravessava um dos períodos mais difíceis da sua história e já tinha falhado o cumprimento de vários Processos Especiais de Revitalização (PER).

No comunicado, o Vitória de Setúbal adianta que tem um único Contrato de Promessa de Compra e Venda de Bem Futuro relativo ao projeto imobiliário que abrange apenas e exclusivamente os dois lotes correspondentes aos topos do atual Estádio do Bonfim, adiantando que esse contrato foi assinado pela anterior direção do clube com a sociedade Mirante Sideral Lda.

O Vitória de Setúbal salienta ainda que a ligação do município setubalense ao contrato entre o clube e a Mirante Sideral, "é apenas enquanto entidade pública licenciadora do projeto imobiliário, designadamente, por enquanto, na apreciação e decisão sobre o Pedido de Informação Prévia (PIP), que começou no anterior mandato e se encontra ainda pendente, embora em fase de conclusão".

"É através deste projeto imobiliário que o clube pretende obter a receita necessária para o bom cumprimento do Plano de Insolvência e Recuperação de Empresa (PIRE), cujas obrigações ascendem a cerca de 9,3 milhões de euros", lê-se no comunicado, segundo o qual a boa execução do projeto "não apenas assegurará o saneamento financeiro do VFC como deixará o clube em condições de iniciar um ciclo de sustentabilidade, a partir de dívida zero, pouco comum no futebol em Portugal".

A direção do VFC reitera ainda o seu "empenho na concretização do projeto imobiliário para o Bonfim, como condição para a salvação do clube, e reforça o seu compromisso total com o cumprimento do PIRE e de todas as obrigações com todos os parceiros, públicos e privados, continuando a assumir as suas responsabilidades com rigor e transparência, como tem feito desde o início do mandato".

"Tudo continuaremos a fazer para preservar o legado desta instituição que conta 115 anos de existência e para assegurar as condições para que as mais de duas mil crianças e jovens que praticam desporto no clube o possam continuar a fazer diariamente com a necessária tranquilidade", acrescenta o documento.

A agência Lusa tentou ouvir a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, mas não foi possível em tempo oportuno.

Lusa