Andrea Mirón, capitã gilista, revela a O JOGO os segredos de uma época limpa, ainda sem derrotas
Andrea Mirón personifica a solidez de um Gil Vicente que tem escrito páginas douradas, numa das épocas mais consistentes da sua história recente. Capitã, líder natural e ponto de equilíbrio, a defesa espanhola, de 34 anos, guia um grupo que ainda não sabe o que é perder e que já garantiu o acesso à fase de subida à Liga BPI.
A caminhada tem sido marcada por rigor, intenção e um plano bem definido, aspetos que Mirón não hesita em valorizar. "Estamos exatamente no ponto que definimos no início da época, por isso, acredito que estamos no bom caminho. A equipa tem cumprido todos os objetivos traçados e continua a evoluir de forma consistente", sublinha a experiente atleta O JOGO.
A presença na fase de subida à Liga BPI espelha o crescimento sustentado do projeto gilista, mas, acima de tudo, reafirma uma ambição que sempre guiou o grupo. "O nosso pensamento é, jogo a jogo, tentar conquistar os três pontos. Conseguimos atingir a fase de subida e agora, com ambição e muito trabalho, vamos tentar a subida de divisão, pela qual o Gil Vicente tem lutado muito nos últimos anos", diz a capitã, afirmando que o verdadeiro segredo deste percurso vive fora dos holofotes. "Para sermos constantes, precisamos de trabalhar todas na mesma direção e manter-nos unidas. Quando a equipa está alinhada e comprometida, os resultados acabam por aparecer. É algo que sentimos".
O Gil Vicente soma sete vitórias e dois empates em todas as competições, um percurso que alimenta a confiança, mas não desvia o grupo da postura equilibrada. A invencibilidade é vista internamente com os pés bem assentes na terra. "Gostávamos que nunca chegasse o dia, mas faz parte do futebol. O importante é sabermos reagir quando surgirem resultados menos positivos, continuarmos a trabalhar e manter o foco nos objetivos do clube", sublinha a jogadora espanhola.
Areia conciliada com a relva
A decisão de Andrea Mirón, que estava apenas no futebol de praia e regressou aos relvado, gerou surpresa em vários quadrantes. Para muitos, o passo pareceu inesperado; para a espanhola, porém, foi simples e natural desde o primeiro instante. "Sinto-me muito bem no Gil. Fui recebida de braços abertos, e isso dá-nos logo a certeza de que fizemos a escolha certa. Esta oportunidade surgiu porque me permitiram conciliar o futebol com o futebol de praia, que é uma paixão que nunca deixei. Foi isso que me trouxe de volta e, claro, já tinha muitas saudades do jogo", admite. Ao olhar para o projeto feminino do Gil Vicente, a espanhola fala com a segurança de quem encontrou exatamente o que procurava. "Encontrei uma equipa competente e competitiva, num clube que quer desenvolver o futebol feminino e competir no máximo escalão. O compromisso e a vontade de ser melhor estão sempre presentes".