Campeonato de Portugal

Chaves B em bom momento no Campeonato de Portugal: "Subida? Se a oportunidade aparecer..."

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Carlos Guerra, técnico de 64 anos, devolveu os flavienses ao Campeonato de Portugal e pisca o olho à subida à Liga 3. Resultados recentes alimentam otimismo de atingir altos voos. Treinador não tem dúvidas que há jogadores prontos a ajudar a equipa principal na II Liga. Falou com O JOGO sobre as dificuldades de trabalhar um conjunto secundário e da "paixão" que o mantém no futebol.

Foi com goleada que o Chaves B voltou às vitórias, domingo, frente ao Monção, por 4-2, e confirmou o arranque prometedor na Série A do Campeonato de Portugal, mantendo-se a equipa no segundo lugar, a um ponto do líder Limianos. Carlos Guerra é cara conhecida há várias épocas na missão de lapidar os mais novos em terras flavienses, desde que esteve à frente do Chaves Satélite, entre 2017 e 2020. Na época passada deixou os sub-19 e voltou a assumir a turma secundária. Conseguiu a subida ao CdP e agora pisca o olho à Liga 3. "O balanço da época não está a ser positivo... está a ser fantástico. Temos uma equipa mais debilitada do que na época passada. Saíram dois titularíssimos (Eboudjé para o São João de Ver e Rodrigo Melro para o Trofense) e até queremos reforçar em janeiro. A subida não é obrigatoriamente o nosso objetivo, mas se a oportunidade aparecer, não vamos desprezá-la de maneira nenhuma", explica.

Pelas mãos de Carlos Guerra passaram nomes como João Batxi, Kevin Pina e Samu, que acabaram por se afirmar na equipa principal. A prioridade passa por "colocar o máximo de miúdos nos A", sabendo que às vezes é preciso algum "azar" na formação principal para as portas se abrirem. "O Chaves tem, na II Liga, um objetivo muito claro, um plantel profissional, mas nos bês temos jogadores preparados. É uma questão de oportunidade. Por vezes, elas aparecem com o mal dos outros, com lesões ou problemas semelhantes, mas se aparecerem é uma questão de o jogador saber agarrá-la", atira. "Temos atletas preparados. Há alguns que vêm diretamente da equipa A e treinam uma ou duas vezes connosco, mas às vezes nem treinam e perdemos a viagem no autocarro a explicar-lhes o que queremos", completa.

Os transmontanos suspenderam a equipa secundária entre 2020 e 2023, e a decisão de a reativar merece o aplauso do técnico. "Foi um erro tremendo termos acabado com a equipa B. De tal forma que foram as mesmas pessoas que a voltaram a ativar", elogia. Aos 64 anos, Carlos Guerra diz que o tempo de agarrar outros desafios no futebol já passou. "Tive oportunidade de sair várias vezes, mas não quero sair daqui. Não preciso do dinheiro do futebol e estou no desporto por paixão. Enquanto a tiver, enquanto a viver com intensidade, vou continuar", promete. "Estou no futebol desde os 12 anos. Fui jogador, levo 29 anos como treinador e a minha ambição mantém-se", termina o treinador que tem sete títulos distritais no currículo e que passou por Montalegre, Vilar de Perdizes, Valpaços e Pedras Salgadas antes de chegar ao Chaves.

Uma sapataria e outros desportos

Carlos Guerra privilegiou sempre não se afastar da família, mesmo quando surgiram outros convites, como uma possibilidade de ir para a II Divisão espanhola. "Hoje, o meu filho, que já é pai, diz que eu devia ter saído nessa altura. Se calhar tive pouca ambição, mas foi uma questão de opção, sempre quis estar perto da família", vinca. "Aos 23 anos montei uma sapataria com a minha esposa, mas depois vendi-a quando lhe foi diagnosticada uma doença", recorda o treinador que, para além de futebolista, também praticou "atletismo, voleibol e basquetebol". "Dos 16 aos 21 anos fui muito mau profissional de futebol. Gostava muito de sair à noite", recorda.

João Maia