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CEO da TAP sobre email a pedir adiamento de voo: "O Presidente da República nunca nos pediria..."

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener LUSA

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener foi questionada sobre um email do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes, a pedir para adiar um voo de Moçambique, que tinha como passageiro o Presidente da República, que, alegadamente, precisava de ficar mais dois dias em Maputo.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, admitiu que não esperava "tão alta pressão política" quando entrou na companhia aérea, o que dificultou o seu trabalho e o dos restantes trabalhadores.

"Não estava à espera de tão alta pressão política quando entrei na companhia", afirmou a ainda presidente executiva da TAP, em resposta ao deputado da IL Bernardo Blanco, na comissão parlamentar de inquérito à transportadora aérea.

Christine Oumières-Widener admitiu ainda que aquela pressão não deixou a companhia "concentrar-se no seu negócio".

"Era fácil trabalhar com tanto ruído à volta da companhia? Tem sido muito difícil e ainda é. [...] É triste ver que toda a gente quer criticar e garantir que a companhia" não chega a bom porto, afirmou a responsável, sublinhando que tem sido difícil para si e para os trabalhadores da empresa.

Bernardo Blanco questionou ainda sobre um email do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes, a pedir para adiar um voo de Moçambique, que tinha como passageiro o Presidente da República, que, alegadamente, precisava de ficar mais dois dias em Maputo.

Segundo o email, citado por Bernardo Blanco, Hugo Mendes sublinhava que era importante manter Marcelo Rebelo de Sousa como aliado da TAP.

O deputado liberal quis saber o que aconteceu no seguimento do email e se este tipo de pedidos para beneficiar políticos era recorrente.

Ourmières-Widener disse que fez questão de verificar se se tratava realmente de um pedido da Presidência.

"No fim, não fiquei surpreendida ao perceber que o Presidente da República nunca nos pediria para mudar um voo, que teria impacto no resto dos passageiros", esclareceu a gestora.

Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.

A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido "pressa política" para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.

O Governo anunciou, em 06 de março, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) tinha concluído que o acordo celebrado para a saída antecipada de Alexandra Reis da TAP era nulo e que ia pedir a restituição dos valores.

Os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram também a exoneração com justa causa da presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja.

Lusa