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Economista defende que limites impostos pela UEFA beneficiam os maiores da Europa

Aleksander Ceferin, presidente da UEFA .

Os Regulamentos de Licenciamento de Clubes e Sustentabilidade Financeira foram aprovados na quinta-feira pelo Comité Executivo do organismo que rege o futebol europeu, naquele que é um novo quadro regulamentar, que pretende contribuir para a estabilidade financeira das equipas

O economista Fernando Tenreiro defendeu hoje que os limites dos gastos com salários de futebolistas, transferências e taxas de empresários a 70% das receitas dos clubes, aprovados pela UEFA, vão beneficiar os maiores emblemas europeus.

Os Regulamentos de Licenciamento de Clubes e Sustentabilidade Financeira foram aprovados na quinta-feira pelo Comité Executivo do organismo que rege o futebol europeu, naquele que é um novo quadro regulamentar, que pretende contribuir para a estabilidade financeira das equipas, entrando em vigor a um de junho de 2022.

Contudo, será aplicado de forma gradual, ao longo de três anos, para permitir que os clubes tenham tempo de se adaptarem.

"Há uma questão que nos interessa a nós, que é a equidade e o equilíbrio competitivo. O que acontece é que as regras da UEFA têm transformado cada vez mais, ou têm levado cada vez mais, aos maiores clubes dos países mais pequenos, como Portugal, a não irem às fases finais da 'Champions League' e mesmo ao nível, raramente, da Liga Europa", começou por dizer o economista, em declarações à agência Lusa.

Considerando que o novo quadro beneficiará principalmente os "tubarões" europeus, Fernando Tenreiro reconhece, por outro lado, que os "escândalos" que alguns clubes viveram no passado podem, a partir de agora, ser evitados.

"O controlo dessa questão [financeira] é sempre bom para evitar os escândalos que se sabe que têm existido ao nível dos maiores clubes italianos e franceses, creio. Há imensos problemas dos maiores clubes dos maiores países que a UEFA não tem resolvido, daí que tenha uma preocupação de reforma do setor, uma reforma fiscal, uma reforma total, o que é sempre bom", argumentou.

Apesar de os novos requisitos terem aumentado o desvio aceitável de 30 para 60 milhões de euros em três anos, os requisitos para garantir o valor justo das transações, melhorar o balanço financeiro dos clubes e reduzir dívidas foram significativamente reforçados.

Segundo Fernando Tenreiro, caso os maiores clubes portugueses "entrem numa situação de débitos extremamente elevados", podem vir a deparar-se com problemas.

"Do débito poder ir de 30 para 60 milhões, quem puder fazer isso com mais facilidade e resolver a curto ou a médio prazo são precisamente os maiores clubes dos maiores países. Benfica, Sporting, FC Porto, Braga, se entrarem numa situação deste género de débitos extremamente elevados ou ainda mais elevados, para o dobro do que é permitido agora, certamente que estarão numa situação muito pior", defendeu.

Por fim, deixa um reparo aos Regulamentos de Licenciamento de Clubes e Sustentabilidade Financeira: "É bom fazer a reforma, mas estão preocupados com a sustentabilidade financeira. Não falam de sustentabilidade desportiva, que fica no jogo dos campeonatos."