Benfica

Vieira detido: pedidas medidas duras para o presidente do Benfica

Luís Filipe Vieira LUSA

Ministério Público quer fortes limitações ao líder da Luz, já detido, que vão até à prisão preventiva.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, o seu filho Tiago Vieira, e os empresários José António dos Santos, conhecido por "rei dos frangos", e Bruno Macedo foram constituídos arguidos e detidos num processo organizado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e assistido pela Autoridade Tributária e PSP.

Em causa está o envolvimento do presidente das águias em vários negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros - quer a nível pessoal quer até no Benfica, nomeadamente no que diz respeito a algumas transferências -, que poderão ter estado, segundo o DCIAP, na origem de "elevados prejuízos para o Estado e algumas sociedades".

As autoridades realizaram buscas por suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento. Em cima da mesa estão "factos ocorridos a partir de 2014 até ao presente". "Foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca, abrangendo instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária. Estas buscas decorrem nas áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga. No decurso das diligências foram detidas quatro pessoas, dois empresários, um agente desportivo e um dirigente desportivo. Detenções efetuadas atendendo aos indícios já recolhidos, com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e a prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso", lê-se no comunicado.

O mesmo documento explica os procedimentos seguintes, sendo que Luís Filipe Vieira e os restantes arguidos detidos foram encaminhados para o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide - o líder do Benfica chegou pelas 21h00 -, onde pernoitaram "antes de serem alvo do primeiro interrogatório judicial por parte do juiz Carlos Alexandre". O líder das águias deverá ser ouvido esta quinta-feira pelas 14h30.

"Os detidos serão presentes, previsivelmente no decurso do dia de amanhã [hoje], a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação, considerando a gravidade dos crimes e as exigências cautelares, de medidas coação diferentes do termo de identidade e residência". O objetivo das autoridades passa por, tendo em conta os "indícios já recolhidos, acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e prevenir a consumação de atuações suspeitas em curso". O Ministério Público pretende ver aplicadas a Vieira fortes medidas de coação, que podem ir até à prisão preventiva.

Transferências também analisadas

A mega operação de buscas em torno de Luís Filipe Vieira e que afetam também o Benfica incluíram a procura de informações e provas relativas a negócios de transferências de jogadores, como O JOGO noticiou ontem no seu site, tendo os inspetores inspecionado documentação diversa, sobretudo na sede da SAD, no Estádio da Luz. A este respeito, a CMTV garantiu que há três negócios na mira das investigações pela suspeita de desvio de 2,5 milhões de euros das contas benfiquistas por parte de Vieira e para seu proveito pessoal ou empresarial. Os três jogadores serão os avançados paraguaios Cláudio Correa e Dérlis González e César Martins, que tiveram passagens fugazes pelo Benfica, não tendo os dois primeiros chegado à primeira equipa.

Mais de 150 pessoas envolvidas nas buscas

Refira-se que foram feitas buscas às instalações da Benfica, SAD - com especial atenção aos escritórios de Luís Filipe Vieira, Domingos Soares Oliveira e Miguel Moreira, respetivamente presidente, administrador-executivo e administrador da sociedade benfiquista -, à casa do presidente dos encarnados, em Algés, às empresas de José António dos Santos e ao Novo Banco, assim como, segundo apurou O JOGO, ao Benfica Campus, no Seixal. Vieira foi abordado no centro de estágios, pela manhã, dirigindo-se depois ao seu domicílio, tendo acompanhado as buscas a partir daí, e na companhia do seu advogado, Magalhães e Silva. No terreno estiveram 66 inspetores tributários, quatro magistrados do Ministério Público, três Juízes de Instrução Criminal e 74 polícias da PSP, nove dos quais a exercerem funções no DCIAP.

C2 Capital Partners devido à reestruturação

A C2 Capital Partners, empresa liderada por Nuno Gaioso (antigo vice-presidente do Benfica) também foi alvo de buscas por causa da reestruturação feita na Promovalor, empresa controlada por Luís Filipe Vieira e pelo seu filho, Tiago Vieira. Em comunicado, a empresa revelou que estas foram "não domiciliárias", esclarecendo que incidiram "exclusivamente na sua qualidade de sociedade gestora do Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) Promoção e Turismo", o fundo envolvido na compra da dívida de Vieira ao Novo Banco. "Nem a sociedade nem qualquer dos seus administradores foram constituídos arguidos ou têm qualquer outra posição processual", acrescentou ainda a empresa de Gaioso.

Segundo o Expresso, a operação está a ser coordenada pelo procurador Rosário Teixeira, do DCIAP, com a participação do inspetor tributário Paulo Silva, e pelo juiz de instrução Carlos Alexandre. Todos estiveram à frente da Operação Marquês.

Frederico Bártolo/Marco Gonçalves/Sérgio André/Vítor rodrigues