Os campeões europeus da UEFA Youth League (Sub19) carregam ADN dos dragões. Alguns até já trabalham com Sérgio Conceição e, sobretudo, na equipa B.
Lê-se por todo o lado que a miudagem do FC Porto é campeã da Europa. Dos desportivos aos generalistas, nas rádios e nas televisões, em Portugal e no estrangeiro, nas redes sociais... O título da UEFA Youth League conquistado pela brava rapaziada comandada por Mário Silva (um campeão europeu de 2004) é motivo de orgulho nacional. Mas vamos às ponderações do feito face ao tempos que correm no FC Porto.
Em desvantagem no derradeiro sprint para o título nacional, não se pode dizer que a equipa de Sérgio Conceição tenha tido uma época infeliz. A memória nestas coisas do pontapé na bola tem tanto de madrasta como de peixe: irritadiça e curta. Quase só dura jornada a jornada e nunca ninguém quer ver as coisas pelo lado positivo se não se conseguir o objetivo principal. A verdade é que chegou aos quartos da Champions (e muitos milhões embolsados), pode ganhar a Taça de Portugal e, não dependendo de si, ainda está na luta pelo campeonato.
Por isso - e por muito mais -, esta conquista dos Sub19 portistas não deve ser vista como um placebo à alma amachucada dos adeptos pelos "inconseguimentos" (bendita a parlamentar que meteu esta palavra no léxico urbano) do plantel principal. Pelo contrário, deve ser valorizada - está a sê-lo, no que à Imprensa diz respeito - de forma personalizada nos seus protagonistas. Entre eles, três até já ostentavam título idêntico conquistado com as cores de Portugal no último Europeu da categoria e, dois anos antes, pelos Sub17. A saber: Diogo Costa e Diogo Queiroz (em ambos os casos) e Diogo Leite, que esteve nos Sub17, mas falhou o título conquistado pela Sub19 por compromissos da equipa principal. Nesta, tanto Leite como Costa também tem trabalhado com frequência, sendo o segundo o habitual titular da equipa B dos dragões.
Depois há os Fábios (Vieira e Silva), dois craques a despontar, um tal de Romário Baró que é 'mandão' no jogo, e Afonso Sousa, talvez o mais representativo do ADN portista, por ser neto de António Sousa (ver tweet abaixo), um campeão europeu de 1987, a primeira grande conquista internacional do FC Porto (já agora, filho de Ricardo Sousa, que também vestiu as mesmas cores). E há os outros todos, obviamente.
São tantos que já preenchem a ansiedade dos adeptos quanto ao seu futuro quase imediato: quantos destes estarão a trabalhar, na próxima época, com Casillas e companhia, muito provavelmente sob as ordens de Sérgio Conceição, e com contratos renovados/melhorados? A ansiedade do adepto, reconheça-se, funciona com o coração, ao contrário da gestão do quadro profissional da SAD portista, que tem em consideração um monte de equações que a maior parte das vezes não passam pela cabeça de nenhum treinador/gestor de bancada.
Leio no Jornal de Notícias que, numa primeira análise, o impacto da conquista da Youth League é a valorização, "no mínimo, para o dobro", no que diz respeito ao valor de mercado de cada um dos jogadores. Claro, mais nuns casos que noutros, mas a média é essa, garante ao JN Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol. A verdade é que todos estes campeões já têm contratos profissionais e, por isso, já não deve aparecer um pai a recusar a carreira na formação do FC Porto só porque outro clube lhe oferece (a ele, pai) melhores condições financeiras.
Bem, é então possível acreditar que esta geração, carregadinha com o famoso ADN dragónico, irá oferecer ao próximo plantel principal algumas soluções domésticas. E em conta: mais baratas (sem custos de transferência) e com a qualidade e irreverência que jovens talentos entre os 17 e os 19 anos podem proporcionar. E, sejamos realistas, mais do que prováveis grandes negócios no futuro.
Afinal, o FC Porto tem mesmo em marcha um plano que envolve a formação e uma geração própria de talentos. Ainda há poucos dias se conheceram os planos para a estruturação de uma Academia. Perdoem-me a ironia: se calhar, sempre teve planificação formativa, mas nem sempre quem vê consegue focar fora dos padrões da moda. Estes são miúdos-maravilha que não davam títulos de jornais, mas deram um título dos grandes ao País.