JOGO FINAL - Uma opinião de Vítor Santos
Lembro-me bem de ter ganho uma noite para assistir ao inesquecível desempenho de Carlos Lopes nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Foi a primeira medalha de ouro conquistada por Portugal numa olimpíada.
Só com investimento é possível continuar a somar grandes resultados internacionais no desporto que não gera milhões nem paixões exacerbadas.
De então para cá, muita coisa mudou. Com ambição e, sobretudo, investimento, em atletas, treinadores e infraestruturas. As duas medalhas obtidas ontem nos Mundiais de Ciclismo de Pista são o espelho de uma nova realidade que pode ser aplicada a muitas modalidades.
Portugal melhorou os resultados porque já é possível - apesar de, por vezes, continuarmos a a anos-luz do pelotão da frente em matéria de investimento -, trabalhar com método, tempo e espaço, parecendo-nos cada vez mais distantes aquelas décadas do passado, em que apenas ganhávamos quando tudo dependia de um homem ou uma mulher, esforço, estrada e um par de sapatilhas. Mesmo no atletismo, a presença nas grandes finais das especialidades é sinal de sucesso.
Os bronzes de Maria Martins e Ivo Oliveira provam que vale a pena continuar a apostar no desporto que não gera milhões e paixões exacerbadas, mesmo que a muitos continue a parecer despropositado investir numa obra como o velódromo de Sangalhos, esse berço de grandes campeões. É por isso que mesmo em conjuntura social tão delicada, em que tudo é questionado, justificadamente, atendendo aos parcos recursos do país, merece nota de destaque o facto de o Orçamento do Estado prever um aumento de verbas para o desporto.

