Serão os pedidos do futebol profissional irracionais ou exagerados?

Serão os pedidos do futebol profissional irracionais ou exagerados?
Sónia Carneiro

Tópicos

LIGA-TE - Um artigo de opinião de Sónia Carneiro, diretora executiva da Liga.

Desde 2015 que a Direção da Liga Portugal, o seu Presidente e os clubes que anualmente são nomeados, eleitos e cooptados, têm solicitado ao Governo de Portugal, insistido, reclamado, instado, reiterado e requerido novamente, a aprovação de medidas legislativas que conformem o quadro legal que regula esta nossa indústria à sua realidade específica.

Dos seguros desportivos, ao IVA nos bilhetes, ao tratamento fiscal dos atletas, são propostas antigas que têm estruturado a atuação desta Direção na sua relação com o Estado.

No ano de 2019, a Liga Portugal e os respetivos membros alargaram a sua demanda aos vários Grupos Parlamentares com assento na Assembleia da República, a todos e a cada um foi entregue um dossiê com os temas identificados e que urgia dar solução.

A persistência e insistência da Liga Portugal são deixadas no ar pelo senhor Secretário de Estado da tutela quando assinala a frequência, porventura estafante, das reuniões que mantém com a entidade que regula o futebol profissional em Portugal. Do mesmo passo em que justifica a circunstância de as propostas sérias e ponderadas da Liga Portugal, maioritariamente originárias dos seus Grupos de Trabalho, não terem (ainda) sido acolhidas com a singela interjeição: "É a vida!"

Mas, serão os pedidos do futebol profissional irracionais, exagerados, desajustados, estapafúrdios, inusitados?

Na próxima Assembleia Geral da Liga Portugal, agendada para o dia 2 de junho, Liga e Clubes vão de novo discutir as medidas que urgem implementar e definir novas estratégias para fazer perceber aos nossos governantes, sentados no recato dos seus gabinetes, a importância desta atividade, com 34 (!) empresas capazes de gerar 0,3% do PIB.

A recente aprovação, no Parlamento, da proposta do Governo que cria um regime fiscal para entidades organizadoras, clubes e jogadores envolvidos na final da Liga dos Campeões, demonstra, porém, que o desajuste e aparente fatalismo que subscreve o Secretário de Estado não é inevitável.

Com efeito, desde o anúncio público da impressionante conquista do Estádio do Dragão e, sobretudo, da Federação Portuguesa de Futebol de trazer para a cidade Invicta aquela final internacional, até à aprovação, "com dispensa de redação final e do prazo para a apresentação de reclamações contra inexatidões" mediante o voto favorável de todos os partidos (exceto o PAN) e das duas deputadas não inscritas, mediaram cerca de 15 dias... acalentamos a esperança de que as propostas que o futebol reclama não precisem de 15 anos, embora um terço do percurso já tenha sido percorrido!