O ponto está pela hora da morte

Opinião do jornalista Rui Ferreira

Está tudo tão caro que nem os pontos escapam! Se a dona Paula, uma indefetível portista que nos ajuda nas tarefas domésticas, se queixa do preço da couve coração para a sopa do pai, um português com reforma à portuguesa, do custo do peixe, que devia ser entregue ao cliente num guarda-joias, do aumento para níveis bolsistas do frango - eu sei, para ti, Rey Charles, é comida de pobre -, porque não há de um treinador lamentar a inflação galopante quando se quer levar um pontito para casa e colocar um sorriso na cara da prole?

Sérgio Conceição queixou-se disso mesmo, ontem, depois do empate em Braga. Um ponto não chega para a cova de um dente do esfomeado candidato ao título, até porque no prato do rival de Lisboa a dieta é rica, variada, e posta na mesa com facilidade, cozinhada por um alemão que mostra dotes de chef e sacia o apetite dos adeptos. O tempo fica cada vez mais curto para a concorrência preparar uma receita milagrosa que consiga estragar a vontade de comer do Benfica, cada vez mais distante no primeiro lugar e com os tais pontos caríssimos bem seguros na hora de ir às compras.

No Jamor, os adeptos do Marítimo a manifestaram-se contra a carestia do ponto. Se a dona Paula os viu, acho que vai começar uma revolução...