"O nacional-benfiquismo tem a perceção de que nada vai acontecer"
<strong><em>DRAGÃO DO SUL - </em></strong>Como não é proibido sonhar e, sendo permitido, ainda não se paga imposto, eu já comecei.
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Não se deixem enganar pelo título. Ser campeão na Liga dos Campeões, estar lá e bater recordes de presenças na fase de grupos, eliminar a Roma e voltar a apanhar o Liverpool não é uma questão de juntar votos e ser eleito. É um direito que só se conquista dentro do campo, com mérito, com espírito empreendedor de classe média que se quer impor no terreno dos milionários. Somos grandes neste país, cujo nome engrandecemos com os nossos feitos.
Há um novo patamar para onde temos de olhar. Sérgio Conceição tem razão quando diz que "importante é valorizar a presença do FCP nos quartos de final". Mas permitam-me que recorde que o FC Porto está duas vezes nos "quartos". Com o Liverpool pela frente na liga maior e contra o Midtjylland (campeão dinamarquês) na Youth League, a liga dos campeões da formação. Só há, aliás, mais um clube que consegue este duplo feito: o Barcelona.
Como não é proibido sonhar e, sendo permitido, ainda não se paga imposto, eu já comecei. Desta vez, nós vamos ser capazes de contrariar o favoritismo do Liverpool. A partir daí, tudo é possível!
Uma final meio envergonhada
Ontem estivemos a jogar contra dez quase desde o início do jogo e a primeira parte foi um ato falhado. Sem velocidade, com poucas oportunidades flagrantes de golo, sem alegria. A fazer lembrar a tristeza da final anterior, com o Feirense, em que se salvou o resultado. Desta vez, foi preciso um penálti transformado em golo para que a equipa acelerasse um pouco mais o jogo. Ainda assim, nesta fase do campeonato é preferível ganhar com exibições cinzentas do que perder pontos com exibições muito coloridas. Portanto, não esqueçam: as finais são para ganhar. Faltam oito.
Nada a ver com nada
Há uma arrogância que se sente em Lisboa, que julgo ser resultado da perceção que o nacional-benfiquismo tem de que nada vai acontecer. Mesmo os mais sérios de entre eles parecem ter deixado de ter um pingo de vontade de ver tudo esclarecido. O facto de estarem a jogar melhor futebol ajuda a explicar esta falta de vontade. Afinal, se é possível ganhar sem batota, eles não querem ser lembrados sobre a forma suspeita como conquistaram alguns dos últimos títulos.
O que mais alimenta esta arrogância é, no entanto, a sensação de impunidade. O Pedro Guerra nunca foi funcionário do Benfica e, portanto, nada pode ser imputado ao Benfica sobre o que revelam as conversas em que ele participa e que ficámos a conhecer nos já famosos emails. O Paulo Gonçalves nunca teve responsabilidades no Benfica e, portanto, nenhum dos crimes do processo e-Toupeira pode ser imputado ao Benfica. O César Boaventura não tem ligação nenhuma ao Benfica e, portanto, se este senhor tentou comprar jogadores para perderem com o Benfica, o Benfica não tem nada a ver com isso.
A Justiça só aceita este lavar de mãos como Pilatos, se tiver perdido definitivamente a vergonha.