PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro.
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Os meios de comunicação agitam-se com as novas, futuras e falhadas transferências nos clubes portugueses.
É certo que o foco são os três clubes do costume, com as suas tradicionais novelas de amores, traições e paixões. Mas a isso já estamos habituados. No que concerne ao SC Braga, e pelo que se vai "ouvindo", o caminho é o da estabilidade e da continuidade.
Apesar de o treinador ser diferente do da época anterior, é, definitivamente, um treinador de continuidade, com um perfil bem semelhante ao anterior técnico (homem da casa, antiga glória do clube e adepto confesso do emblema bracarense); além disso, conhece profundamente a organização, a estrutura e os valores da formação. A continuidade parece ser o foco no que concerne a entradas e saídas de jogadores. Para já (pelo menos, no momento em que escrevo esta crónica) nenhum jogador do núcleo duro do plantel 2021/22 saiu. Mas, mesmo que saia Ricardo Horta ou Al-Musrati (o que é concebível, numa perspetiva de encaixe financeiro) isso não afetará o caminho traçado. A este respeito, ganha importância a apresentação da renovação de André Horta. Numa produção cinematográfica curiosa, difundida pelos canais de comunicação do clube e com muitas interações positivas dos adeptos e simpatizantes, André Horta é apresentado quase como se fosse um reforço, como se de um jogador novo se tratasse, vestindo a roupa de um verdadeiro maestro de orquestra.
É bem pensado: André é um jogador que pensa o jogo como uma pauta, com diferentes compassos, contrapontos, pausas, diminuendos e accelerandos, que olha para os colegas e para os adversários como intérpretes, cada um com o seu próprio timbre. É, talvez, o jogador do plantel com melhor discurso, que não se perde nos clichés habituais das flash interviews. Tenho-o como um elemento nuclear do plantel, pela sua inteligência tática, e, por isso, fico bem contente em saber que continuará a dirigir o meio campo com a sua batuta. É o "reforço" que melhor traduz o ideal de continuidade para a próxima época. Em sentido contrário vai a equipa feminina de futebol: saída do treinador e de, pelo menos, sete jogadoras que jogavam com regularidade. Fim de ciclo ou fim de aposta? Só o futuro o dirá...